O ex-ministro e ex-deputado Ciro Gomes (PDT) é o terceiro colocado nas pesquisas da Atlas sobre primeiro turno, com 7,8% contra 34,5% de Jair Bolsonaro e 40,6% de Lula. Segundo o cientista político Andrei Roman, ainda é muito pouco para considerar a viabilidade de Ciro vencer as eleições ou mesmo firmar-se agora como o nome da terceira via.
“Independente da sua postura, boa parte da população vê Ciro Gomes como um candidato de esquerda. Então, ele compete com Lula, o que dificulta bastante”, pontua o cientista. Na visão dele, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), é quem apresenta maior potencial de se estabelecer como uma terceira via. É o quarto no cenário do primeiro turno, com 2,9%, e tem a menor porcentagem no duelo contra Bolsonaro no segundo turno. Uma das figuras mais desconhecidas pela população eleitoral vem aos poucos conquistando espaços e abrindo caminho.
“É um candidato gay e de centro-direita, novo e pouco conhecido. É difícil colocá-lo numa caixinha ideológica, o que é uma vantagem dentro do eleitorado que não apoia nem Lula e nem Bolsonaro, uma parcela que contempla muitos perfis diferentes”, justifica Roman. No entanto, ele lembra que cativar apenas os nem-nem não é o suficiente.
Assim como Ciro Gomes, o governador gaúcho precisaria também conquistar parte dos eleitores das duas figuras polarizadas com um “projeto de salvação” do Brasil. “Dependeria de um derretimento da aprovação de Lula e Bolsonaro. Algo que, se não aconteceu até agora, com a Lava Jato para o petista e com a postura do atual presidente na pandemia, não deve acontecer mais. Leite teria, então, que reconstruir a realidade política do país”, opina.