Para a disputa de cargos majoritários (Governo e Senado) as apostas de mais de 30 partidos começam a lançar suas fichas em Mato Grosso do Sul. Ainda na pré-temporada, as especulações já tomam conta do noticiário político e se alinham aos fatos, desenhando uma prévia sobre o futuro de lideranças experientes ou em fase de experimentos na busca do voto popular.
Uma das interrogações mais constantes sobre o futuro de lideranças locais é o caminho a ser tomado pela deputada federal Rose Modesto (PSDB). Não esconde a disposição de levar adiante o projeto de eleição majoritária e só não tornou mais agressivo esse desejo porque pertence ao partido do governador Reinaldo Azambuja, a quem é fiel, e não pretende tumultuar o arranjo pró-candidatura de Eduardo Riedel.
Se eventualmente aparecer uma circunstância favorável, que não venha ferir os interesses do governador, Rose poderia até filiar-se a outra sigla, de acordo com as janelas da legislação eleitoral. Ela tem o controle estadual do Podemos, indicou o seu dirigente estadual, Sérgio Murilo, para a Secretaria de Governo e Gestão Estratégica, e consolidou-se como peça estratégica de Azambuja.
TENDÊNCIAS
A derrota na disputa governamental foi amarga para o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira. Ele saiu das urnas em 2020 com excelente desempenho. Chegou ao segundo turno, entretanto não convenceu como candidato do PDT, legenda com um ideário trabalhista democrático e inclinações à esquerda. Odilon percorre outra via, é da direita conservadora e está muito mais próximo das formulações bolsonaristas.
Com isso, Odilon tem o perfil que o presidente Jair Bolsonaro está buscando para seus candidatos nas disputas estaduais. A solução passa por algumas pendências. Uma: o juiz não sinaliza se vai entrar no rol de candidatos, até porque nem filiou-se a outra sigla após deixar o PDT. Outra pendência é a amarração ao PSD de Marquinhos Trad. O prefeito nomeou seu filho, o ex-vereador Odilon Jr, presidente da Agência de Regulação de Serviços Públicos (Agereg). E Marquinhos, até prova em contrário, tende a ajudar ou não atrapalhar o projeto de Azambuja para cacifar Eduardo Riedel.
Na presidência da Caixa de Assistência dos Servidores Públicos (Cassems), Ricardo Ayache granjeou notoriedade e voou em boa altura na única experiência nas urnas, quando candidatou-se ao Senado pelo PT e alcançou uma expressiva votação, mesmo sem ser eleito. Hoje é presidente estadual do PSB e tem o nome cogitado para reforçar chapas majoritárias como candidato a vice-governador ou senador.
PERDEU O TEMPO
O procurador de Justiça Sérgio Harfouche (PSC) parece ter perdido o tempo tático da ação política. Em 2018 ele conquistou – assim como Ayache em 2014 – um espaço diferenciado entre as novas alternativas eleitorais, candidatando-se ao Senado e ficando em quinto lugar, conseguindo proezas importantes, como a de ser o líder da votação em Campo Grande, superando até Nelsinho Trad (PSD), que governou a Capital em dois mandatos. Harfouche pode contentar-se em buscar um mandato de deputado federal ou estadual.
A senadora Soraya Thronicke (PSL) sonha com as bênçãos de Bolsonaro para disputar o governo, desejo que também alimenta para si o deputado estadual Capitão Contar, do mesmo partido. Na trincheira ideológica oposta, a psicóloga e feminista Cris Duarte é mais uma das respostas que a esquerda dá ao eleitorado. Foi candidata a prefeita de Campo Grande e também se soma ao grupo de novidades políticas que se destacam no Estado.
É para ser considerado também entre as possibilidades o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta (DEM). Em princípio, circula bastante nas projeções da mídia para a disputa presidencial. Seu nome está presente em todas as pesquisas feitas este ano. Contudo, se a conjuntura apontar um outro caminho, com certeza Mandetta vai concorrer a cargo majoritário (Governo ou Senado) em Mato Grosso do Sul. A alternativa menos provável, mas possível, é voltar à Câmara dos Deputados.