Pedro Chaves, Eduardo Riedel, Nelsinho Trad, Waldemir Moka, Ricardo Ayache, Zeca do PT, Odilon de Oliveira e Tereza Cristina. Estes nomes dominam as especulações sobre o tabuleiro da disputa por duas das três vagas de Mato Grosso do Sul no Senado da República.
Tudo indica que será uma disputa sem quartel, duríssima e imprevisível, num teatro de operações em que os protagonistas precisarão ter a seu favor credenciais efetivamente fortes para contrapor ao desgaste que os políticos vêm acumulando no Brasil em virtude das operações de combate à corrupção. E como se trata de duas vagas majoritárias, é de prever-se que na montagem das chapas a indicação das candidaturas ao Governo esteja atrelada à composição dos nomes que travarão a disputa maior, a sucessão estadual.
MOKA
À exceção de Simone Tebet, cujo mandato vai até 2022, no próximo ano vão tentar a reeleição os senadores Waldemir Moka (PMDB) e Pedro Chaves (PSC), que assumiu a cadeira em maio de 2016, substituindo Delcídio Amaral, cassado por quebra de decoro parlamentar nas investigações da Operação Lava Jato. Moka é dono de uma das mais premiadas trajetórias na vida pública. Começou bem jovem, elegendo-se vereador em Campo Grande e escalando em sucessivas eleições os demais patamares da escadaria parlamentar: deputado estadual, deputado federal e senador. É forte pré-candidato, mas depende muito dos rumos de seu líder maior, o ex-governador André Puccinelli.
CHAVES
O senador Pedro Chaves dos Santos Filho faz de sua titularidade no cargo um produtivo exercício parlamentar. Em apenas um ano de mandato exibe fôlego e capacidade de abrir portas. Foi o que demonstrou há poucos dias ao resgatar um financiamento de US$ 56 milhões (cerca de R$ 180 milhões) que desde 2013 estava entalado no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) – um dinheiro providencial para que o prefeito Marquinhos Trad (PSD), em seu início de gestão, promova a revitalização do centro de Campo Grande, dotando a cidade de novas e funcionais condições de mobilidade, fluxo do trânsito e acessibilidade. Avança com autoridade para lutar pela reeleição, porém se surgir um vácuo que permita a terceira via na sucessão estadual, Chaves é sério concorrente para ocupar o espaço.
RIEDEL
O secretário de Governo e gestão Estratégica, Eduardo Riedel, carrega consigo um arsenal de vantagens para qualificar eventuais e previsíveis projetos políticos. É gestor de sucesso testado como líder ruralista na presidência da Federação de Agricultura e Pecuária (Famasul) e não chega com as contaminações da política tradicional, até porque não exerceu cargo público eletivo até hoje. Uma das forças promissoras da renovação política guaicuru, Riedel assumiu a espinhosa tarefa de cuidar das articulações governamentais com a sociedade civil e gerir o funcionamento do sistema orgânico da administração estadual. Uma ficha impecável e o trânsito livre no qual trafega autorizado por intervenções bem-sucedidas dão a Riedel condição singular como alternativa do PSDB e do governador Reinaldo Azambuja, seu incentivador.
NELSINHO
O calejado Nelsinho Trad (PTB) mantém intacto o prestígio que acumulou com os mandatos de vereador, prefeito duas vezes em Campo Grande e deputado estadual. Mesmo sem obter sucesso quando concorreu ao governo em 2014, ele é ainda referência na galeria dos melhores prefeitos da capital sul-mato-grossense. Quando concluiu seu oitavo ano de administração consecutivo, tinha mais de 70% de aprovação, popularidade que aumentou nos anos seguintes quando o desastre gerencial de seu sucessor, Alcides Bernal, avivou na população a saudade de Nelsinho na Prefeitura. As mais recentes pesquisas de sondagem de voto para 2018, feitas pelo Ipems, indicam que o petebista é o primeiro no ranking de preferência eleitoral para o Senado. Com a vitória do irmão Marquinhos Trad na sucessão municipal de 2016, deverá desembarcar em 2018 como fortíssimo concorrente a uma das vagas senatoriais.
ZECA
O ex-governador e deputado federal Zeca do PT consegue escapar eleitoralmente do estigma maldito que foi colado ao seu partido pelos anos seguidos de exposição depreciativa na mídia por causa das operações policiais contra a corrupção. Zeca sobrevive, e bem, com um peso pessoal específico que se sobrepõe à legenda. Não fosse assim, ele não sairia consagrado das urnas nos dois últimos desafios que encarou: em 2014, para a Câmara Municipal, e em 2016, para a Câmara os Deputados, sendo em ambas o mais votado. Afirma-se nos meios políticos que o PT só respira em Mato Grosso do Sul por causa da força pessoal de Zeca, principalmente depois que a Operação Lava Jato derrubou do pedestal o hoje ex-senador Delcídio Amaral. Não se pode, portanto, subestimar o potencial do ex-governador, que já se declarou pronto para brigar por uma cadeira no Senado.
ODILON
O juiz federal Odilon de Oliveira trata com extrema prudência a inclusão de seu nome entre as mais fortes opções eleitorais, realidade já apurada por pesquisas de opinião pública. Ele já sinalizou a possibilidade de vir a ser um dos candidatos em 2018. Mas não fala abertamente sobre isso. Quer tão somente cuidar de seu ofício na Magistratura, que exerce com o máximo de zelo e cerca-se de garantias, inclusive a da escolta armada permanente. Sua exposição faz dele um alvo dos bandidos, pois sua pena justiceira tem mandado para a cadeia importantes membros do crime organizado, De acordo com observadores experientes, se o eleitorado buscar nomes novos na política no ano que vem, Odilon de Oliveira e Eduardo Riedel estarão entre os mais cotados.
AYACHE
Além de Odilon e Riedel, mais um nome carimbado com a expectativa de renovação política pode vingar em 2018. É o de Ricardo Ayache, presidente da Caixa de Assistência dos Servidores Públicos Estaduais (Cassems). Foi candidato-surpresa pelo PT ao Senado em 2014 – e surpreendeu, chegando em terceiro lugar com votos que, pela quantidade, apontaram a afirmação de uma liderança emergente. Tão emergente que Ayache, ao trocar o PT pelo PSB, logrou descolar-se da ciranda de desgastes que envolveu a sigla. Comandar a Cassems, uma das mais sólidas e produtivas organizações do gênero no País, consagrou a qualidade gerencial e visionária de Ayache, a ponto de ser um dos objetos de desejo das principais forças partidárias do Estado.