Operações de combate à corrupção que vêm sendo realizadas por forças-tarefa estaduais e federais, ainda terão muito trabalho para chegar ao montante exato dos recursos públicos que, conforme o Ministério Público e a Polícia Federal, eram desviados pelos operadores de André Puccinelli, durante os oito anos em que ele governou Mato Grosso do Sul. Já se sabe, no entanto, que é muito dinheiro e as cifras movimentadas podem chegar à casa dos bilhões.
O delegado da PF, Cléo Mazotti já disse, por exemplo, que só na recente Operação, a Papiros de Lama, a investigação apurada representa desfalques que ainda serão levantados com precisão em auditoria, mas estão estimados em, no mínimo, R$ 235 milhões. As operações Lama Asfáltica e Lava Jato, com seus desdobramentos (Aviões de Lama, Fazendas de Lama e Papiros de Lama, de âmbito local) mencionam entre os principais envolvidos, além de Puccinelli, seus ex-secretários de Fazenda e Obras, André Cance e Edson Giroto; os empresários Ivanildo Miranda, João Amorim, João Baird e Mirched Jaffar Júnior; e o advogado André Puccinelli Jr.
Em depoimento de colaboração premiada com a Operação Papiros de Lama, Ivanildo Miranda contou que a Gráfica Alvorada, Proteco Engenharia, Congeo, Mil Tec Tecnologia, PSG Tecnologia, Itel Informática, e o Instituto Ícone não prestaram serviço para sua empresa, mas receberam altos valores. Só em nome da Gráfica Alvorada, de Mirched Jaffar, o delator revela que foram pagos, de uma só vez, R$ 5 milhões em notas. Mais R$ 9 milhões foram destinados à Proteco, de João Amorim, e R$ 1,2 milhão para o Instituto Ícone, de Puccinelli Jr. Esses dados, segundo Ivanildo, constam de planilhas que ele mesmo gerenciou. A PF constatou que André Luiz Cance, ex-secretário de Fazenda, teria assumido o papel de operador do esquema, a partir de 2014, último ano de mandato de Puccinelli.
OUTRO LADO
Todas as pessoas investigadas afirmaram, por meio de seus advogados, que estão colaborando com a Justiça e contestam o depoimento de Ivanildo Miranda. O advogado Renê Siufi, defensor de Puccinelli e do filho dele, Puccinelli Júnior, reagiu com veemência: “É inconsistente essa delação. Ele [Ivanildo] fala que arrecadou até março de 2015. Nessa época, o André Puccinelli nem era mais governador. Só se o delator estava arrecadando para alguém e para si próprio”.