Um procedimento cirúrgico cardíaco minimamente invasivo e inédito em Mato Grosso do Sul foi realizado no final do mês passado no Proncor Angiocentro, em Campo Grande. A cirurgia, que consiste na implantação de válvula mitral transcateter no coração, garante recuperação mais rápida e efetiva a pacientes de elevado risco quando submetidos a intervenção cirúrgica cardiovascular.
De acordo com o médico Sérgio Ocampos, responsável pelo procedimento, a paciente foi uma senhora de 77, portadora de prótese mitral biológica e portadora de hipertensão pulmonar severa, disfunção ventricular e arritmia cardíaca. Esse tipo de prótese, em função do tempo, pode ser acometida de desgaste que a torna estreita (estenótica) ou insuficiente (deixa voltar o sangue bombeado para o coração).
Por conta disso, as pessoas que o utilizam geralmente sentem muita falta de ar, problema que nem sempre pode ser solucionado por meio de medicação, sendo então necessária a sua substituição.
“Até então, a opção era a substituição desse tipo de válvula cardíaca por meio da cirurgia convencional, cuja duração pode variar, em média, de 3 a 4 horas, com a utilização de coração e pulmão artificiais e procedimento de toracotomia, que é a incisão no osso externo no meio do tórax. Nesse tipo de intervenção, a cicatrização do osso leva pelo menos 90 dias, além de existirem riscos de outras complicações”, explicou.
Com a nova técnica realizada no Proncor Angiocentro, os ganhos para a paciente foram significativos. Um deles foi a duração da intervenção, de apenas 50 minutos.
“Realizamos uma pequena incisão logo abaixo da mama esquerda e chegamos ao coração, que continuou batendo. No ventrículo esquerdo introduzimos um cateter e por esse passamos uma prótese biológica mitral nova e fechada, a qual foi levada até o interior da antiga e desgastada, onde fizemos a abertura e a sua fixação”, lembra Sérgio Ocampos. Tão logo foi fixada, a nova prótese já começou a funcionar.
“Retiramos o cateter e o coração não parou de bater, assim como o pulmão, que continuou funcionando normalmente. Não utilizamos nenhum equipamento que convencionalmente substituem artificialmente esses dois órgãos e evitamos, com essa técnica, os elevados riscos que poderiam levar a paciente a não resistir à cirurgia convencional”, explicou o cirurgião cardiovascular.
A paciente deixou a sala de cirurgia com excelente melhora de seu estado geral, recebendo alta do CTI em pouco mais de 36 horas, estabilizando seu quadro clínico já na companhia de seus familiares.
Sérgio Ocampos esclareceu que a esse tipo de procedimento só podem ser submetidos pacientes que já possuem prótese na posição mitral, para que ocorra a fixação da prótese transcateter. “Ela é indicada para pacientes de alto risco e risco intermediário. Para os de baixo risco, a cirurgia convencional ainda é a melhor escolha, conforme as diretrizes médicas”, ressaltou.
Para Eduardo Henrique Curado Elias, diretor-clínico do Proncor, a realização de procedimentos como esse faz parte da política do hospital de adotar tecnologias de ponta a fim de melhorar as condições de tratamento aos pacientes. “Procuramos estar sempre na vanguarda tecnológica, aliando esses avanços à estrutura física, de pessoal e de equipamentos que transformaram o Proncor em referência em nosso Estado”, finalizou.