Os abusos sexuais estão entre as mais praticadas formas de violência contra as mulheres. As estatísticas não espelham numericamente a dimensão real do problema, eis que muitas vítimas e até familiares se negam a prestar queixa por vários motivos, um deles o medo de represálias, especialmente se o abuso aconteceu dentro de casa.
Oficialmente, no entanto, os dados de 2018 são suficientes para estarrecer e alarmar, embora com números pouco inferiores a igual período do ano passado. De janeiro a julho deste ano em Mato Grosso do Sul já foram notificados 729 casos de estupro. No mesmo período do ano passado foram 818. Só em Campo Grande foram 230 casos de estupros em 2018, conforme dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), contra 266 registros no mesmo período do ano passado.
No ano passado, o mês de março foi o que mais teve casos, 52 registros em Campo Grande. Em maio do ano passado foram 51 casos, seguido por junho com 49. Já neste ano, os meses que mais registraram casos de estupro foram: março, com 52 casos, fevereiro com 40 casos, e junho com 41 casos. No ano passado “apenas” um caso foi registrado no mês de julho, enquanto que neste ano, já foram dois.
Apesar de uma queda de 10% nos casos de estupro em Mato Grosso do Sul, a socióloga e militante feminista Natália Ziolkowski, diz que não há o que se comemorar com relação a essa queda, já que alguns casos não chegam a ser registrados. Para ela, quando se trabalha com dados oficiais os números são de mulheres que buscaram um órgão de segurança pública para fazer denúncias, mas falta incluir no levantamento as subnotificações, os casos que não são contabilizados.
PRISÕES
Um caso que ganhou as manchetes na semana passada foi o de três empresários de Miranda, presos pelo estupro de uma adolescente de 16 anos em uma boate daquele município. O fato aconteceu em 27 de julho, quando a adolescente e o primo dela, da mesma idade, foram convidados pelos proprietários da casa noturna a ir ao local para beber.
O delegado Pedro Henrique disse que os suspeitos – com idades de 23, 25 e 36 anos – convidaram a vítima e o primo dela. A adolescente estaria sob efeito de bebida alcoólica quando aconteceu o abuso. O trio garante que além de ter ingerido álcool a jovem consentiu com o ato sexual.
Um homem de 54 anos, marido de uma babá, foi preso em Campo Grande pelo estupro de duas meninas, de 12 e 9 anos. Segundo a polícia, o suspeito aproveitava os momentos em que a mulher ia ao mercado para cometer o crime. O crime chegou ao conhecimento da polícia no mês passado, depois que a vítima de 9 anos contou sobre os abusos para uma tia.
Com a denúncia, a menina foi ouvida por uma psicóloga habilitada do setor psicossocial da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e contou detalhes do estupro, além de apontar outras crianças, que assim como ela, eram cuidadas pela mulher do autor. Com as informações, investigadores da especializada chegaram à segunda vítima.
Outro homem, de 30 anos, foi preso em flagrante por oferecer R$ 50 a uma menina de 9 anos para tentar estupra-la. O caso ocorreu no Portal Caiobá – região sul de Campo Grande. Segundo a delegada Anne Karine Sanches Trevizan, da Depca, a menina foi abordada na rua pelo rapaz, que ofereceu R$ 50 para ser abusada. Ela fugiu, chamou o pai e a polícia foi acionada. O homem foi preso e disse que ofereceu dinheiro para ela fazer faxina, negando que tenha se oferecido para violentá-la.