Uma das mais concorridas manifestações políticas do municipalismo em Mato Grosso do Sul vai acontecer nesta quarta-feira, 20, a partir das 14h, tendo a Câmara Municipal de Campo Grande como ambiente central da mobilização. Será um encontro para somar esforços dos vereadores da capital e do interior do Estado em defesa dos consumidores que vêm sofrendo cobrança de valores abusivos nas contas de energia elétrica fornecida pela Energisa.
O vereador João Rocha (PSDB), presidente da Câmara, destaca que a vontade popular é a bússola dos mandatos e alicerce maior da representação legislativa. “Temos a certeza que somando forças, e contando com a disposição da concessionária, nos seja aberta a possibilidade concreta de uma resposta que atenda às expectativas da parte, em especial, dos consumidores”. Ele informa que inicialmente a Câmara fará o diálogo com o presidente da Energisa, Marcelo Vinhaes Monteiro, para discutir uma solução de forma efetiva e prática. “A vontade popular é para ser respeitada”, reforça.
O ato vai ouvir da direção da Energisa as explicações sobre os aumentos excessivos nas contas de energia elétrica. Os vereadores já receberam centenas de reclamações sobre as cobranças. No dia 25 de janeiro, a Câmara sediou reunião pública sobre a questão. O vereador Valdir Gomes (PP) pontua ser fundamental a presença da sociedade e de representantes de instituições como a Assembleia Legislativa, entidades comunitárias e organizações patronais e laborais.
Uma ideia dos organizadores é também elaborar documento com as queixas e as irregularidades constatadas para serem repassadas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo Gomes, mesmo não se tratando de atribuição municipal, os valores cobrados pela Energisa prejudicam os campo-grandenses. “É uma vergonha se a Câmara aceitar a soberania da Energisa. O que acontece hoje é uma vergonha para nosso Estado. Pessoas estão passando o dia todo para fazer até mesmo uma reclamação”, afirmou, cobrando atitude do Procon Municipal.
O vereador Veterinário Francisco chegou a apresentar moção de repúdio contra a Energisa pelas cobranças elevadas. Porém, em consenso, o pedido está suspenso até à reunião do dia 20. No dia 25 de janeiro, o coordenador comercial da Energisa, Jonas Ortiz, foi à audiência pública convocada pela Câmara e descartou irregularidades nos valores cobrados nas contas. Disse que a empresa vem fazendo análises caso a caso. E justificou também que as elevadas temperaturas resultam no aumento do consumo.
Contudo, a vereadora Dharleng Campos (PP) considera que tais argumentos são desculpas esfarrapadas. “Não aceitamos essa alegação deslavada e estamos indo para cima. Queremos convidar os deputados estaduais para estarem juntos nessa briga. Estamos aqui defendendo os campo-grandenses”, enfatizou. O petebista Otávio Trad (PTB) quer um desfecho imediato para a questão. “Os vereadores podem, sim, analisar as contas dos consumidores com aumento abusivo, desproporcional e gradativo que não se consegue entender”, disse.
Ayrton Araujo, do PT, salienta que a Câmara não pode fechar os olhos para o problema. Observa que muitas pessoas não estão conseguindo pagar as contas, principalmente aquelas que ganham um salário mínimo. O vereador Pastor Jeremias Flores chama atenção para outra conta, a da Cosip. Ele questiona as cobranças que são feitas até de residências em ruas que não dispõem de iluminação pública.
“Transparência e contraprova são essenciais para garantir os direitos dos consumidores”, opina o vereador Delegado Wellington. O tucano André Salineiro considera que a Câmara tem competência para cobrar a Energisa, destaca a importância do apoio dos deputados estaduais e aponta o equívoco na alíquota que serve como base de cálculo na conta. O vereador Ademir Santana também discorda da série de encargos nas contas, a exemplo dos serviços de transmissão, imposto e distribuição de energia.