Aos 36 anos, o campo-grandense Eric Fossati já acumula em seu currículo itens que fazem a diferença num contexto social de complexos desafios para a juventude. Morador do Bairro Caiçara, ele é formado em Economia. E se destaca também como corretor de imóveis, empresário, desportista e nas pesquisas sobre a cultura de rua, das quais é um dos protagonistas com sua paixão de adolescente pelo skate.
Com intensa atividade em ações voluntárias ou desenvolvidas em políticas públicas preventivas e educativas para a juventude há mais de 18 anos, Eric Fossati sentiu cedo a sua vocação para servir à sociedade. Nunca quis visibilidade pessoal e sequer pensava em ingressar na política. Porém, o alcance e os resultados de seu trabalho foram identificados e reconhecidos como peças importantes na engrenagem inclusiva da cidade. E o chamado para a vida pública foi inevitável – o jovem então entendeu que tem uma responsabilidade natural de fortalecer e ampliar sua atuação em benefício não só de pessoas de sua geração, mas de todo o conjunto da população.
Assim, Eric Fossati aceitou o convite para ingressar em uma nova legenda e sair candidato a deputado estadual. Este senso de responsabilidade com o mundo em que vive já se manifestava desde criança, quando ganhou um skate do pai e a família não possuía recursos suficientes para bancar os custos com a prática do esporte, considerado na época como esporte de ricos. Aos 13 anos, pediu dinheiro ao pai, um arquiteto, que em vez de pagar um desenhista para seus projetos preferiu ensiná-lo e ao seu irmão a desenhar. “E com isso ganhamos nosso próprio dinheiro. Comecei ali a aprender uma profissão e assim consegui comprar meu primeiro skate e voltar a andar”, lembra.
ABRINDO AS PORTAS
O esporte abriu amplas e significativas portas para o olhar construtivo de justiça e igualdade do jovem skatista. Mais um aprendizado logo surgiu: ele e o irmão resolveram construir uma pista de skate em sua casa, já que não frequentavam a que existia na casa de um vizinho. Passaram quatro anos comprando ferragens e peças para a “obra”. E a pista foi construída, disponível há 18 anos para quem quiser experimentá-la.
E assim, indo de bairro em bairro para “skatear”, conhecendo novas pessoas e experimentando realidades diversas, Eric Fossati mergulhou na cultura de rua e viu fortalecido o sonho de lutar por justiça social e direitos. Fez faculdade de Economia e seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) foi ‘O Impacto Socioeconômico da Prática do Skate em Campo Grande’. Um tema insólito e instigante, que fez muita gente abrir os olhos par esta alternativa de inclusão, sobretudo de segmentos entre a infância e a idade adulta.
“É grande o impacto na economia ao redor do skate. Existe uma cadeia produtiva na geração de emprego e de renda”, enfatiza Fossati. Depois da faculdade ele trabalhou com perícia econômica e financeira em processos judiciais e extrajudiciais, aprendendo mais sobre a forma de enxergar a sociedade “Nesta jornada pude entender que existe um bolo, que esse bolo ele é fatiado e que o jovem tem uma fatia mínima voltada à cultura de rua. Pouco se investe na juventude. Queremos ter uma participação maior”, reivindica. E completa, resumindo seu compromisso político: “Minha visão é fazer um mandato de gestão compartilhada, com um engajamento de vivência dos jovens nas ações, legitimando e vitaminando as propostas apresentadas pelos colegiados e instituições da sociedade civil organizada. Entre outros objetivos, nós queremos criar uma lei de incentivo à educação financeira nas escolas. É bem visível o alto índice de inadimplência no país e a maioria das pessoas desconhece segredos da educação financeira. É preciso criar métodos para que as crianças e adolescentes entendam mais sobre educação financeira e assim toda juventude envolvida no processo tenha maiores oportunidades”, conclui.