A barragem construída na Praça das Águas, inaugurada em outubro, passou no seu primeiro teste, quando Campo Grande registrou nos últimos 45 dias um volume de chuva 40% superior ao previsto. Desta vez, comerciantes e moradores do entorno das ruas Joaquim Murtinho e Chaadi Scaff não enfrentaram transtornos, nem tiveram prejuízo com os alagamentos provocados pelos córregos Prosa e Vendas, seu afluente. “Choveu muito, mas não houve nenhum problema”, contou Letícia de Paula, funcionária de um restaurante localizado exatamente no cruzamento da Ricardo Brandão e a Chaadi Scaff, que sofria duplamente com o transbordamento dos dois córregos.
“O proprietário construiu uma mureta e, mesmo assim, quando chovia muito, alagava a dispensa e a enxurrada dificultava o acesso dos clientes. Desta vez, tudo foi tranquilo”, continuou. Segundo os engenheiros da Prefeitura, o que fez a diferença desta vez foi a barragem construída na Praça das Águas em outubro.
Com capacidade para reter até 22 milhões de litros de água, a barragem ajudou a regular o escoamento da água que vem das cabeceiras do Córrego Prosa e seus afluentes, evitando que transbordasse, mesmo em locais críticos, como no cruzamento da Avenida Ricardo Brandão com a Rua Chaadi Scaff.
APROVAÇÃO
“A barragem passou no teste”, assegurou o engenheiro Marcos Cristaldo, ex-secretário e ex-diretor da Planurb, que trabalhou na elaboração do Plano Municipal de Drenagem. Ele fez questão de percorrer os trechos do canal, nesta região onde normalmente transbordava durante as chuvas mais intensas, para se certificar de que a obra de contenção de enchente construída mais acima surtiu os efeitos esperados.
A barragem chegou a ficar a cheia, reteve um volume de água suficiente para abastecer por um mês quase 800 casas com consumo médio de 30 mil litros. Houve o represamento, mas o excedente passou pelo vertedouro ou por cima. Sem esta retenção, segundo o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorse, é inevitável que o córrego transborde mais abaixo, alagando as regiões próximas de suas margens.
Ele admitiu que a barragem, embora tenha evitado alagamentos nesta região da cidade, não resolve os problemas de alagamento. É necessário dar continuidade aos investimentos previstos no plano municipal de drenagem. “É importante buscar recursos para construção de barragens e bacias de detenção”, explica o secretário, já que a Prefeitura não tem capacidade financeira para bancar com recursos próprios.
PISCINÃO
No curto prazo já está garantida a construção de um piscinão (também com capacidade para 22 mil metros cúbicos) nos altos da Avenida Mato Grosso, que quando estiver pronto também vai ajudar a melhorar a vazão do Prosa, além de evitar o assoreamento do lago do Parque das Nações, que receberá uma comporta para regulação do seu nível. O transbordamento do lago também impacta o Prosa.
No Córrego Vendas, por exemplo, que despeja suas águas no Prosa, é necessária a construção de uma bacia de detenção com capacidade para 5 mil metros cúbicos. Só esta obra tem um custo estimado em R$ 2,2 milhões. No Sóter, outro afluente do Prosa, também é preciso construir uma barragem de amortecimento com capacidade para 56 mil metros cúbicos, que exigiria mais R$ 7,7 milhões, valor orçado no primeiro semestre.
PARCERIA
A construção da barragem na Praça das Águas, um investimento em torno de R$ 1 milhão, foi viabilizada por uma parceria com a iniciativa privada. A Prefeitura cedeu a área e o Shopping Campo Grande viabilizou a obra como medida compensatória, já que teria de construir um piscinão com capacidade de 6 mil metros cúbicos.
No Córrego Segredo, região do conjunto Estrela do Sul, também custeada pela iniciativa privada, como medida compensatória, foi feita a dragagem de duas barragens de amortecimento para contenção de enchentes no Córrego Segredo. Houve a retirada de 15 mil metros cúbicos de material, uma quantidade suficiente para encher 1.250 caminhões (cada caminhão com 12 metros cúbicos).
Estas barragens têm capacidade para reter 30 mil metros cúbicos de água, mas estavam comprometidas, cheias de bancos de areia. A limpeza, segundo o engenheiro Ivan Pedro, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, evitou o transbordamento do Segredo na altura da rotatória com a Avenida Rachid Neder, onde recebe as águas do Córrego Cascudo.