O Auditório da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) ficou lotado na noite de quarta-feira (5) com a realização da 1ª edição do projeto Câmara Participativa, que levou os trabalhos legislativos da Capital até a 79ª Expogrande, para debater políticas públicas para o agronegócio, considerando que Campo Grande é uma região de grande produção agropecuária e com potencial para se transformar em um grande cinturão verde.
A Câmara Participativa foi o primeiro evento externo da Câmara Municipal de Campo Grande a ser transmitido ao vivo pelo Facebook, permitindo que toda a população pudesse acompanhar em tempo real as discussões e propostas apresentadas no evento, que reuniu autoridades e cidadãos ligados ao setor do agronegócio e da agricultura familiar.
O presidente da Câmara, vereador Professor João Rocha, destacou que foram colhidos juntos às lideranças ruralistas, durante o evento, 20 pontos que poderão ser transformados em indicações a serem encaminhadas ao Executivo. “Tudo graças à presença de vocês. Temos vontade política de fazer melhor, de honrar a confiança que nos foi depositada nas eleições. Quero destacar o quanto foi rica essa nossa sessão, aprendemos muito, temos muito material para trabalhar”, disse ele.
A 1ª edição da Câmara Participativa contou ainda com a presença dos vereadores Carlão, Gilmar da Cruz, Ademir Santana, Lucas de Lima, Ayrton Araújo do PT, Otávio Trad, Junior Longo, Vinícius Siqueira, Enfermeira Cida Amaral, Odilon de Oliveira, João César Mattogrosso, Dharleng Campos, William Maksoud, Chiquinho Telles, Cazuza, Pastor Jeremias Flores, Wilson Sami, Papy, Wellington, Francisco Veterinário e Valdir Gomes.
CINTURÃO VERDE
Na abertura do evento, o presidente da Acrissul, Jonatan Pereira Barbosa, apresentou uma proposta para o setor, sugerindo aos parlamentares a criação de um cinturão verde na Capital. “Campo Grade é muito importante também na área rural, somos uma cidade conhecida no Brasil como cidade da agropecuária. Cuidem bem de Campo Grande, queremos saber da Campo Grande rural, por isso convidamos a Câmara. Os vereadores são os legítimos representantes do povo. Contem com a Acrissul, contem com os produtores rurais e com a Campo Grande rural”, afirmou.
O diretor executivo da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Lucas Galvan, destacou que o Estado importa 70% dos hortifruti que consome. “Precisamos de investimento em tecnologia. A diversificação da matriz econômica rural exige esse desenvolvimento, que se deu em várias regiões do município, como nos limites com Terenos, Anhanduí, Sidrolândia. Esse desenvolvimento requer infraestrutura e logística para chegar os insumos. A população rural possui as mesmas necessidades da população urbana, também precisa que o transporte escolar chegue às propriedades rurais. A população rural também precisa de assistência de saúde, de assistência social”, reivindicou.
CAPITAL RURAL
Segundo o diretor presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Enelvo Felini, Campo Grande tem 132 famílias quilombolas produzindo, outras 50 famílias indígenas. São oito assentamentos ao redor da Capital, com 347 famílias. No total, fora os sitiantes e chacareiros, são 954 famílias no campo. No entanto, mais de 85% dos alimentos que chegam ao Ceasa vem de outros estados. Apenas 15% vem daqui de Campo Grande.
“Temos que avançar mais e fazer uma grande diferença na agricultura familiar, gerar mais emprego no campo, assegurando renda, segurando o homem no campo. Temos hoje 22 mil toneladas de tomate que chegam por ano em Campo Grade. São mais 19 mil de banana, 19 mil de batatinha. Estamos negociando fornecer alimentos para a Santa Casa, que serve cinco mil refeições por dia. Queremos fornecer só produtos orgânicos, para ajudar a melhorar a saúde dos pacientes. A maioria desse consumo será adquirido ao redor de Campo Grande, diminuindo nossa importação”, explicou.
O deputado estadual Herculano Borges, membro da Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira, afirmou que “muito bom poder ouvir esse importante segmento do agronegócio. Ouvir o que o segmento tem de demanda não só para Campo Grande, mas para nosso Estado. Vamos nos unir para ajudar Campo Grande. Sempre se discute a Campo Grande urbana, sendo que a área rural é muito maior que a urbana, nos colocamos à disposição para intermediar essa questão”, disse.