Pesquisas de institutos nacionais, feitas em períodos diferentes nos primeiros três meses do governo de Jair Bolsonaro (PSL), constatam que a popularidade do presidente vem caindo acentuadamente. Embora mantenha considerável força popular para resistir aos desgastes, Bolsonaro sabe que se não reagir com rapidez e eficácia, essa resistência diluirá com o passar dos dias. É o que sinalizam os resultados das consultas feitas pelo DataFolha, Ibope e XP Investimentos junto à opinião pública e aos parlamentares do Congresso Nacional.
Os índices sobre o desempenho de Bolsonaro nos dois e três primeiros meses de governo dão a ele a mais baixa pontuação em igual período comparado com seus três antecessores imediatos: Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luís Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). O DataFolha apurou que em janeiro, seu primeiro mês de mandato, Bolsonaro tinha 62% dos brasileiros confiando nele. Hoje são 49%. Ainda em janeiro, somente 30% dos entrevistados diziam que não confiavam nele; hoje, são 44%.
Segundo o instituto, 30% dos brasileiros consideram o governo de Bolsonaro ruim ou péssimo, índice semelhante ao daqueles que consideram ótimo ou bom (32%) ou regular (33%). Não souberam opinar 4% dos entrevistados. O instituto ouviu 2.086 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
CINCO SALÁRIOS
A aprovação a Bolsonaro está assentada sobre famílias com renda acima de cinco salários e que moram no interior. Nas capitais ou nas cidades com mais de 500 mil habitantes, Bolsonaro já tem aprovação deficitária: 52 a 53% não confiam no presidente. A confiança caiu muito entre pessoas com nível superior, mas ainda é relativamente alta na faixa do ensino médio. Por faixa etária, houve um derretimento da popularidade de Bolsonaro entre os mais jovens.
O segmento social onde Bolsonaro tem seu mais alto grau de confiança é a população evangélica, com a qual o presidente pontuou 56% de confiança. A mesma parcela considera a gestão como regular e praticamente um quarto (24%) como ruim ou péssima. Aqueles que não sabem ou não respondem à pergunta somam 8%. Nota-se uma retração de 15 pontos percentuais na avaliação positiva entre as pesquisas realizadas de janeiro a março.
No primeiro levantamento, aqueles que avaliavam a gestão como ótima ou boa eram 49%, em fevereiro caíram para 39% e recuam para 34% em março. A avaliação ruim ou péssima registra um aumento de 13 pontos no mesmo período: os que avaliavam negativamente a administração de Bolsonaro totalizavam 11% em janeiro, passando para 19% em fevereiro e atualmente somam 24%. O estudo também investiga a aprovação da forma com que Jair Bolsonaro está governando o país. São 51% os que aprovam, ao passo que 38% desaprovam e 10% não sabem ou preferem não opinar.
ANTECESSORES
Antecessores de Bolsonaro nas mesmas condições tiveram melhor desempenho. Fernando Collor (então no PRN) era reprovado por 19% em 1990, enquanto Fernando Henrique Cardoso (PSDB) marcava 16% de índices ruim ou péssimo em 1995. Os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, alvos frequentes de críticas do atual presidente, eram mal avaliados apenas por 10% e 7% da população ao fim dos primeiros três meses de governo.
Na série histórica, Dilma é quem teve numericamente a melhor avaliação a esta altura do mandato, com 47% de ótimo/bom em 2011. Não se comparam aqui os primeiros trimestres de presidentes reeleitos, pois suas imagens já passaram pela exposição de todo um governo além dos três meses: Lula se mantinha com uma rejeição confortável (14%), FHC amargava 36% e Dilma já começava a viver o inferno político que a derrubaria do cargo em 2016, com 60% de ruim e péssimo.
Os vices que assumiram desde a redemocratização também não são comparáveis – a aferição de Michel Temer (MDB) não foi feita, enquanto Itamar Franco tinha 11% de ruim/péssimo nesse intervalo. Antes da posse, 65% esperavam que Bolsonaro fizesse um governo ótimo ou bom, 17%, regular, e 12%, ruim ou péssimo. Os índices já eram os piores entre os presidentes eleitos para primeiro mandato desde a redemocratização. Agora, a expectativa é positiva para 59%, mediana para 16% e negativa para 23%.