Se incitar a população a afrouxar o isolamento social amplo e decretar o retorno das atividades econômicas, contrariando o que vem sendo orientado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o presidente Jair Bolsonaro será responsabilizado conforme as previsões jurídicas e constitucionais.
A advertência é do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), ao ser questionado por jornalistas sobre o comportamento dispersivo do presidente em relação às medidas que a OMS vem insistindo junto a todos os dirigentes nacionais. Maia é o segundo na linha sucessória em caso de afastamento de Bolsonaro – o primeiro é o vice-presidente, general Hamílton Mourão.
Declarada e ostensivamente contrário aos rigores adotados pelos governadores e prefeitos na imposição do isolamento social amplo – e não o vertical, como é seu desejo -, Bolsonaro ameaçou dar uma “canetada” para derrubar as medidas restritivas que tiram o grosso da população e das empresas do movimento econômico. Foi este tipo de aceno que fez Rodrigo Maia conjecturar sobre o que pode acontecer caso o presidente cumpra a ameaça.
“Há inúmeras entrevistas em que o presidente estimula o fim do isolamento sem nenhum embasamento científico, sem nenhum embasamento técnico. Agora, quando ele assina um decreto, quando o governo faz uma defesa formal na linha contrária do que todos estão defendendo, do que a OMS está defendendo, é claro que, a partir daí, a situação fica muito diferente e fica muito mais concreta”, disse Maia.
Segundo o presidente da Câmara, qualquer atitude que afronta a orientação da OMS precisa ser analisada rigorosamente. “E, se a análise for divergente do que tem de orientação formal na área de saúde, certamente o parlamento vai discutir e pode, claro, derrubar essa decisão”, assinalou.