O prefeito Alcides Bernal (PP) voltou a tocar no assunto de sua relação com os vereadores de Campo Grande e conseguiu complicar ainda mais a já complicada relação com parlamentares. Bernal utilizou a maior parte do tempo de discurso para relembrar momentos de turbulência que viveu, citando sua cassação e a ‘guerra’ com o prefeito afastado, Gilmar Olarte (PROS). Por fim, acabou confessando: só conseguiu o apoio de dois vereadores, Luiza Ribeiro (PPS) e Cazuza (PP).
Para parlamentares da Casa de Leis, essa é uma situação que se sustenta por ‘capricho’ do próprio Bernal, mas que não impede a aprovação de seus projetos encaminhados à Câmara. Contudo, desde o seu retorno à prefeitura da Capital, é constante a troca de críticas entre prefeito e vereadores, e a tentativa de “erguer a bandeira da paz”, como Bernal disse que iria se esforçar para conseguir, ainda não foi obteve sucesso.
Para o vereador e presidente da Câmara Municipal, João Rocha (PSDB), “não há mal estar, ele [Bernal] que não cria relações boas e não quer entendimento”. Segundo Rocha, o prefeito ignora os requerimentos de vereadores que não são seus aliados e administra a cidade por meio de “vitimização”.
“Fechamos o ano e devolvemos a ele 10 milhões de reais. Um prefeito que veta projeto autorizativo não quer relacionamento nenhum com ninguém. Ele sempre que pode dificulta o andamento dos projetos, pra dizer que a Câmara não o apoia. Para mim, ele administra por meio da vitimização e acha que é uma boa técnica”, declarou.
O vereador Chiquinho Telles (PSD) alfineta e diz que o prefeito “tem que voltar para as aulas de matemática, porque não sabe contar que dois vereadores não são o suficiente para que um projeto seja aprovado”. “Na Câmara, precisa de 15 votos para aprovar os projetos, e os que ele envia são em maioria aprovados”, diz.
Segundo ele, o apoio que Bernal quer é através de elogios à sua administração. “Ele quer que nós falemos que cidade está linda, que não tem buracos, que a saúde está boa, que não tem obras paralisadas. Ele coloca culpa na Câmara em coisa que não tem motivo, coloca servidores públicos contra a Casa, quem causa mal estar é ele”, opina Telles.
Já a vereadora Carla Stephanini (PMDB) preferiu não se estender sobre o seu entendimento das declarações de Bernal, “para não criar polêmica”, mas confirma que a falta de diálogo é notória. “Considero infrutífero pra Campo Grande rebater falas, mas basta ver levantamento de projetos aprovados, são maioria. Que não existe diálogo é público e notório, porque ele não se estabeleceu desde o começo”, disse.
A vereadora questiona os motivos por trás da falta de aliados de Bernal na Câmara. “Ele não tem nem líder na Câmara, não sei se é porque ele acha que é tão autossuficiente ou se quem o apoia não tem interesse de assumir essa posição”, analisa Stephanini. (TopMidiaNews)