O Centro Especializado em Reabilitação CER/APAE de Campo Grande recebeu a incumbência referente aos cuidados das pessoas portadoras de Estomas no estado de Mato Grosso do Sul. No primeiro ano de atendimento foram reavaliados todos os pacientes, sendo revalidados os laudos para compra do material, amparando assim a compra realizada pelo Estado de Mato Grosso do Sul, através da Secretaria de Saúde do Estado.
Devido à constante falta de material, fator primordial para a reabilitação da pessoa portadora de Estoma, o CER/APAE promoveu reunião para apresentar pautas e as reivindicações dos pacientes Estomizados em Mato Grosso do Sul. O ato aconteceu na sexta-feira passada (23), no refeitório do CER, em conjunto com a Associação dos Ostomizados de Mato Grosso do Sul e o Deputado Dr. Paulo Siufi.
Atualmente, a unidade do CER em Campo Grande atende 606 pacientes ostomizados. De acordo com o coordenador geral da APAE, Nilo Sérgio Laureano Leme, a reunião teve a finalidade de ouvir as demandas dos pacientes para que os pedidos sejam protocolados junto à Secretaria de Estado de Saúde. “Nós nos colocamos à disposição da Secretaria de Saúde para assumir esta demanda, desde que o poder público nos ajude com os recursos necessários. Essa reunião serve para consolidar o nosso posicionamento sobre o assunto”, explica o coordenador.
O encontro ainda levantou a possibilidade de o CER/APAE fornecer informações à Secretaria Estadual de Saúde em relação aos pacientes que foram avaliados e podem passar por cirurgia de reversão dos estomas. Segundo a presidente da Associação dos Estomizados de Mato Grosso do Sul, Lana Maria Flores da Costa, a reunião dá visibilidade para as reivindicações dos pacientes. “Nós lutamos há 24 anos para que não nos falte nada e para que as portarias existentes sejam cumpridas”, afirma.
De acordo com o médico e deputado Paulo Siufi (MDB), é necessário que o poder público tome uma iniciativa eficaz em relação aos pacientes portadores de ostomia. O parlamentar também é autor do Projeto de Lei que propõe o Dia do Ostomizado em Mato Grosso do Sul. “Eu estarei na Secretaria de Estado de Saúde para levar essas reivindicações. A necessidade de uma ostomia já é um sofrimento, tanto para o paciente, quanto para a família. Sofrem todos juntos. E para que mais sofrimento?”, ressalta.
Atendido há dois anos pelo CER/APAE, Cássio Bento da Silva Brito comenta que compareceu ao evento para representar os pacientes que estão na fila de espera. “Há a falta de material, mas ainda há aqueles que estão na fila esperando a reversão, como eu. Vim para encontrar um posicionamento e exercer alguns dos meus direitos”, afirma.
Segundo o aposentado Luciano Rosa, a reunião pode dar visibilidade aos desafios enfrentados pelos ostomizados. Ele conta que já sofreu preconceitos e constrangimentos motivados pelo desconhecimento da população sobre o assunto. “Já fui obrigado a sair da fila preferencial por não acreditarem que sou portador de deficiência. As pessoas acham que só há a deficiência física, mas o ostomizado também tem as suas limitações”, diz.
O QUE É?
Segundo o dicionário Priberam, ostomia é “abertura ou canal, geralmente realizado através de cirurgia, para ligar uma víscera e o exterior do corpo”. Dessa forma, os estomizados são pacientes que portam um dispositivo (uma bolsa) que permite recolher o conteúdo a ser eliminado por meio de uma abertura exterior (ostoma).