Sob o pretexto de reduzir gastos para estabilizar a economia, o Governo Federal promove o esvaziamento do papel dos bancos públicos no País, principalmente Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Ao todo, 402 agências do Banco do Brasil serão desativadas em todo o território nacional, quatro destas já com suas atividades encerradas em Mato Grosso do Sul até o momento (três em Campo Grande e uma em Corumbá).
Para debater o assunto, os mandatos do deputado estadual João Grandão (PT/MS) e do deputado federal Zeca do PT, juntamente com o Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região e o Sindicato dos Bancários de Dourados e Região, promovem no próximo dia 20 de junho, às 17h30, a audiência pública ‘Em Defesa dos Bancos Públicos’, no Plenário Júlio Maia, na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul. Estão previstas, ainda, as participações de sindicatos nacionais de trabalhadores do ramo financeiro e das empresas de crédito da região.
“O principal objetivo é mostrar o papel social fundamental que os bancos públicos exercem atualmente junto à sociedade e que isso não pode ser enfraquecido, muito pelo contrário, temos que juntar esforços em prol de uma grande articulação política que fortaleça essas instituições”, explicou o presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região, Edvaldo Franco Barros, após reunião no gabinete do deputado João Grandão, onde foram discutidos os primeiros preparativos para o evento.
O deputado João Grandão reforçou o papel dos bancos públicos como indutores de desenvolvimento e políticas sociais e destacou, ainda, sua importância para a agricultura familiar.
“Não podemos permitir esse retrocesso, pois atualmente os bancos públicos facilitam o acesso a uma série de políticas públicas e linhas de crédito e de financiamento aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, serviços estes que levam a inclusão e o desenvolvimento ao campo”, disse o parlamentar, se referindo ao Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) e o Fundo Constitucional Centro-Oeste (FCO) para pequenos e médios produtores.
“Já os bancos privados tem uma atuação mais voltada para o mercado e eles não escondem isso. Até por falta de interesse, não estão presentes em diversos municípios do nosso Estado, não possuem a capilaridade necessária para chegar às regiões mais distantes, onde o trabalhador e a trabalhadora do campo estão, ao contrário da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil”, concluiu.
Sobre a intenção do Governo Federal de promover um Plano de Demissão Voluntária (que pode resultar na saída de 18 mil servidores) e reorientar a estratégia do Banco do Brasil a uma atuação menos social e mais voltada ao mercado, o deputado disse que não se justifica nem do ponto de vista social e muito menos financeiro.
“O Banco do Brasil tem gerado lucros bilionários a cada ano. É uma empresa que tem atingido recordes de eficiência, porém padece de sobrecarga evidente de trabalho. Ao invés de reduzir seu quadro, o banco precisa é de mais funcionários”, avaliou.
O Banco do Brasil fechou o ano passado com lucro líquido de R$ 8,034 bilhões e, em número de ativos, é hoje o segundo maior banco do País.