Passada a pandemia, os idosos já sabem de quais segmentos querem voltar a consumir, além de apresentar particularidades em relação a outras faixas etárias. É o que revela estudo inédito feito para mapear o comportamento e as tendências de consumo do grupo no Estado, realizado pelo Sebrae/MS e Fecomércio (IPF/MS).
Conforme a pesquisa, um novo recorte extraído da segunda edição do levantamento “Impactos do Coronavírus no Comércio de Bens e Serviços de MS”, após a pandemia os idosos querem voltar a consumir prioritariamente dos segmentos de alimentação e bebidas (51%) e saúde (51%). Neste último setor, eles são destaque em comparação às demais faixas etárias, onde uma parcela menor tem interesse (28%).
O primeiro local que as pessoas com mais de 60 anos pretendem visitar no pós-pandemia é a igreja (72%), seguido pelo comércio geral (45%), parques (23%), restaurantes (16%), shoppings (3%) e salões de beleza (1%). Porém, para elas, a necessidade de ir até o comércio está mais relacionada ao passeio do que a comprar algo.
No quesito compras, os idosos são um desafio para os empresários. Segundo o estudo, eles não são tão influenciados por atrativos tradicionais para pessoas de outras faixas etárias: apenas 8% citou atendimento como diferencial – importante para 49% na média das idades –; e 6% se interessou pelo pagamento à vista com descontos, destaque para 30% na média das idades.
“Estes diferenciais têm um impacto pequeno na tomada de decisão de compras dos idosos, quando nos outros são uma grande influência. Isso reflete o perfil desta geração, os ‘baby boomers’. Eles têm um comportamento atípico em relação a gerações mais novas, que são mais abertas a tendências e influenciadas por propagandas. Os ‘baby boomers’ são mais conservadores”, explica a analista do Sebrae/MS, Vanessa Schmidt.
Mais um desafio é que, diferentemente do comportamento de outras faixas etárias, o grau de receio em relação ao novo coronavírus cresceu nos últimos meses entre os idosos, hoje a categoria mais receosa. Para se ter uma ideia, em março, eles eram o grupo com menor medo. Já no caso das pessoas com menos de 60 anos, o estudo aponta que houve uma redução gradual neste índice.
“Apesar do grau de medo, muitos estão saindo para realizar atividades consideradas essenciais, como ir ao mercado e a médicos. Também temos um percentual significativo dos que estão saindo normalmente, porque acreditam que não vão adquirir o vírus, ou porque acreditam que já estão no final de suas vidas e então tudo bem, o que nos causa preocupação”, comenta a economista do IPF/MS, Daniela Dias.
OPORTUNIDADES
Apesar dos desafios, os idosos têm maiores propensões a gastos que as demais faixas etárias, o que significa uma oportunidade para os empreendedores. Segundo a analista do Sebrae/MS, Vanessa Schmidt, os empresários devem se atentar às particularidades das pessoas com mais de 60 anos, investindo por exemplo em passar confiança no produto ou serviço.
“Na hora das compras, características que se destacam para eles são confiança, ou seja, comprar de uma marca que já conhece ou indicada por conhecidos. Eles também vão mais pela experiência pessoal, são menos engajados a tendências de compra, mesmo que paguem mais caro por isso. Preferem ser fiéis à determinada empresa. É mais importante criar um status positivo da marca do que fazer campanha promocional ou redução de preço para os idosos”, afirma.
Assim como outros públicos, os idosos também vão priorizar consumir de empresas que se preocuparam com seu papel social na pandemia. Esta é uma preocupação para 84% dos entrevistados, índice levemente maior do que o visto em outras faixas etárias (82%).
A pesquisa considera idosos pessoas a partir de 60 anos. O estudo feito em convênio pelo Sebrae/MS e Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio/MS (IPF/MS) aplicou 1.689 questionários de 04 a 18 de maio de 2020, por telefone, com 95% de nível de confiança e 3% de margem de erro.