O artista sul-mato-grossense apresenta um percurso musical que percorre fronteiras geográficas e anímicas, as quais o compositor Geraldo Roca, com sua personalidade inquieta, expressava em suas letras e canções. O espetáculo tem a estreia no SESC Ipiranga, no dia 23 de fevereiro
O cantor, compositor e instrumentista sul-mato-grossense Márcio de Camillo estreia o seu novo show, “Do Litoral Central do Brasil: Márcio de Camillo canta Geraldo Roca”, no próximo dia 23 de fevereiro, no prestigiado SESC Ipiranga, em São Paulo. O espetáculo, dirigido por Luiz André Cherubini, é uma homenagem ao cantautor Geraldo Roca, considerado um dos principais compositores da música regional do estado do Mato Grosso do Sul.
Compositor de “Trem do Pantanal”, além de rocks, polcas, chamamés, guarânias e até baladas, Geraldo Roca era o presente que Renato Teixeira daria ao Brasil, se tivesse que lhe dar um presente. Era o gauche, o “maldito”, entre os artistas do Pantanal. Era aquele que Arrigo Barnabé chamou de “um príncipe”. Um artista tão poderoso quanto frágil, tão dono do seu destino e influente entre os mais próximos, como aquele que é arrastado pela correnteza. E assim foi: levado pela correnteza em um dia de Natal, Geraldo Roca deixou uma voz poderosa que revela a diversidade e a grandeza de uma produção musical pequena, mas muito marcante no trabalho de toda a “geração de ouro” da música pantaneira, sul-mato-grossense e do Centro- Oeste do Brasil, reverenciado e cantado por amigos como Paulo Simões, Alzira E, Geraldo Espíndola, Tetê Spíndola, Almir Sater, Renato Teixeira, entre muitos outros…
“Além de um músico que eu admirava muito (não só como compositor, mas como violonista, violeiro, cantor) ele influenciou muito a música da minha geração”, conta Márcio de Camillo. “Além disso, ele era meu vizinho, morava em frente à minha casa. A gente saía para jantar, para conversar, éramos amigos. Conheço a obra dele e vejo a obra dele na minha, compusemos uma canção juntos, em parceria com outros compositores, chamada ‘Hermanos Irmão’. Também dividimos uma faixa no CD Gerações MS chamada “Lá vem você de novo”. Roca influenciou muito a construção da Moderna música sul-mato-grossense… Ele soube ler a música de fronteira, mesclando elementos do Rock, do pop, do folk, criando um estilo único. Ele é o verdadeiro representante do folk brasileiro.”
A arte visual do show, com fotos feitas por Lauro Medeiros, foi baseada no álbum “Veneno LIght”, que Geraldo Roca lançou em 2006. A foto principal de divulgação do show faz referência direta à capa deste álbum, cuja a foto original quem assina é o cineasta Cândido Fonseca, e Márcio de Camillo incorpora Geraldo com maestria.
Dirigido por Luiz André Cherubini, este será o terceiro espetáculo onde eles se encontram artisticamente, cuja parceria iniciou-se em 2012, com o lançamento do espetáculo cênico musical ‘Crianceiras Manoel de Barros’, e que prosseguiu em 2018, o ‘Crianceiras Mário Quintana’, além da participação na criação de diversos espetáculos do Grupo Sobrevento.
“Esse show vai mostrar os muitos lados e a contradição que era o próprio Geraldo Roca, a riqueza, a variedade de personalidades que viviam dentro dele e que foram tão conflitivas ao longo de toda a vida”, explica o diretor Luiz André. “Ao mesmo tempo, um homem que representa aqueles que somos nós nas nossas fragilidades, inconstâncias, dúvidas e com uma qualidade artística que vocês vão ficar surpresos de conhecer”.