Mercados reagem à incerteza e Ibovespa mantém alta moderada.


O dólar encerrou a quinta-feira com uma alta de 0,34%, cotado a R$ 5,75. Após um dia de relativa estabilidade, a moeda americana ganhou força no meio da tarde, impulsionada por notícias de que o Brasil poderia ser incluído na lista de países que sofrerão tarifas recíprocas impostas pelos Estados Unidos, conforme anunciado por Donald Trump, com divulgação prevista para o dia 2 de abril.
Jorge Dib, gestor da Galapagos Capital, comentou que essa movimentação reflete a volatilidade dos mercados, que estão lidando com a incerteza em relação à aplicação das tarifas. “O mercado está mais sem direção do que com uma direção específica. O dólar teve uma leve melhora após o almoço, mas a notícia sobre as tarifas fez com que subisse quase 40 pontos, devolvendo parte desse movimento devido à incerteza sobre o que está por vir”, afirmou Dib. Durante o mesmo período, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras moedas, registrou uma queda de 0,2%.
Análise da Bolsa de Valores
O Ibovespa, por sua vez, perdeu um pouco de ímpeto, mas ainda assim fechou em alta de 0,47%, aos 133.149 pontos. O índice chegou a subir mais de 1% durante o pregão, mas a notícia sobre as tarifas impactou seu desempenho. As ações da Petrobras e da Vale foram fundamentais para a alta do índice, com os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) subindo 0,75% e os da mineradora Vale (VALE3) avançando 0,8%. Os frigoríficos também se destacaram, com a JBS (JBSS3) subindo 5,83%, a BRF (BRFS3) avançando 2,64% e a Marfrig (MRFG3) subindo 3%.
Na análise de Felipe Moura, sócio da Finacap Investimentos, há um movimento de rotação de carteiras por parte de investidores internacionais, que estão focando em ações de mercados emergentes, considerando que os preços das ações brasileiras estão atraentes.
As ações da JBS atingiram uma máxima histórica nesta quinta-feira, encerrando o dia em alta de 5,83%, a R$ 41,95. Essa valorização está ligada ao processo de dupla listagem da empresa nos Estados Unidos, que pode abrir portas para investimentos de cerca de US$ 16 trilhões de fundos que aplicam em papéis listados no país. Recentemente, o BNDES firmou um acordo com a J&F para não votar na reunião que decidirá sobre o processo de negociação no exterior. Além disso, o Bank of America elevou o preço-alvo da JBS de R$ 48 para R$ 55, indicando um potencial de valorização de 31% em relação ao preço de fechamento.
Projeção para a última semana de março
Para a última semana de março, as expectativas para o dólar são de continuidade da volatilidade, especialmente com a proximidade do anúncio das tarifas pelos EUA. Analistas projetam que a moeda pode oscilar entre R$ 5,70 e R$ 5,85, dependendo das reações do mercado às notícias econômicas e políticas. A incerteza em torno das tarifas e a resposta do governo brasileiro também serão fatores cruciais que influenciarão o comportamento do câmbio nos próximos dias.