Preço dos combustíveis é assalto à mão desarmada.
O bolso do brasileiro está cada vez mais vazio. Gasolina, carne, carro, o cidadão brasileiro tem visto o preço explodir em 2021 e 2022. O combustível não é diferente. A gasolina teve um aumento de 49,9% entre dezembro de 2020 e 2021. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) subiu 10,74%, o maior aumento para o período desde 2003.
A Petrobras, que fornece para as distribuidoras, calcula o preço nas refinarias com base na cotação do petróleo e na taxa de câmbio, pois a commodity é cotada em dólar. Nesse sentido, a valorização da moeda norte-americana, acumulada em quase 10% em 2021, também forçou para cima a gasolina. A estatal aumentou o preço do combustível onze vezes somente em 2021.
Apesar de sermos um dos maiores produtores de petróleo do mundo e sermos autossuficientes – ou seja, atendemos nossas necessidades de consumo – o valor de mercado do dólar está diretamente ligado a alta dos combustíveis.
Mesmo sendo um grande produtor de petróleo, o Brasil ainda precisa importar o produto refinado para atender a demanda local, pois precisamos rever nossa política de exportação. O mercado internacional, por sua vez, se utiliza do dólar como moeda universal para precificar o petróleo – já que ele oferece menos incertezas em comparação às demais moedas existentes no mundo. Com isso, com a desvalorização e oscilação constante do real comparada a moeda americana, o valor aumentou e se tornou inviável para o bolso dos brasileiros.
Na variação do câmbio, porém, o Brasil poderia ter mais tranquilidade. A desvalorização do real ocorre por motivos externos e internos, e entre estes fatores estão as incertezas sobre o futuro da pandemia, o compromisso do governo com a reponsabilidade fiscal e a instabilidade política.
O aumento dos preços do gás e dos combustíveis tem sido um dos pontos principais do discurso do presidente Jair Bolsonaro, que costuma se esquivar da inflação e responsabilizar prefeitos e governadores, seja pelos impostos estaduais sobre o preço do gás e do petróleo, seja pelas medidas adotado para conter o avanço do coronavírus.
Tenho estudado muito este assunto e os especialistas deixam claro que apesar da influência dos impostos e das consequências da pandemia, o valor do gás de cozinha e do combustível aumentou principalmente devido à desvalorização do real frente ao dólar, provocada pela crise política que o Brasil atravessa nos últimos anos e com um Governo que já vem demonstrando claramente sua incapacidade de administração e recentemente, pela perspectiva de desajustamento fiscal.
Nossa saída primeiramente é batalhar para alterar a política de preços da Petrobrás e pôr fim a esse absurdo de nós brasileiros pagarmos combustível em dólar. O correto seria termos um custo de produção em torno de 6% ou 6,5% para dar lucro à Petrobras. Sabe quanto ela está tendo de lucro hoje? 38%! Essa margem de lucro serve somente para encher o bolso dos acionistas. Em 2021, a Petrobrás distribuiu R$ 63 bilhões para seus acionistas.
A inflação sob o governo Bolsonaro tem sido a mais alta desde 2016. No acumulado de 12 meses, a inflação é superior a 10,30%. Parte dessa alta é causada pelo preço dos combustíveis. Somente em 2021, o preço médio da gasolina subiu 49,9% por conta da política que o governo optou por praticar.
Por Dagoberto Nogueira – Deputado Federal (PDT/MS)