Entre as ações implantadas para reduzir atropelamentos de animais, a obra de pavimentação da MS-345 é destaque por ser um projeto piloto em MS
O monitoramento permanente das rodovias estaduais MS-040, MS-339, MS-178, MS-382, MS-345, MS-180, MS-473, MS-450 e MS-258, além da Estrada do Turismo em Bonito, é realizado como parte do programa “Estrada Viva – a fauna pede passagem”, com ações de mitigação de atropelamentos de animais silvestres para proteger a fauna e garantir a segurança das pessoas que utilizam as estradas.
As rodovias ligam Campo Grande e Santa Rita do Pardo (MS-040), Miranda e Bodoquena (MS-339), Juti e Iguatemi (MS-180), Nova Andradina a Taquarussu (MS-473), Estrada Parque de Piraputanga (MS-450) e ainda que dão acesso a Bonito (MS-178, Bodoquena; MS-382, Guia Lopes/Jardim e o trecho da Baía das Garças; MS-345, Anastácio – conhecida como Estrada do 21, a partir da BR-419), além do trecho entre Sidrolândia e o distrito de Anhanduí (MS-258, entre a BR-060 e BR-163) e a Estrada do Turismo em Bonito, que é municipal e dá acesso ao Rio Formoso.
Entre as ações implantadas para reduzir os atropelamentos dos animais silvestres, a obra de pavimentação da MS-345 é destaque por ser um projeto piloto em Mato Grosso do Sul. A rodovia é a primeira construída considerando as normas do programa, com seis pontos de passagem específicos ao longo da estrada, que tem pouco mais de 100 quilômetros – entre a Estrada do 21 (saindo da BR-419) e Bonito.
A rodovia, quando estiver concluída, será o principal acesso ao município de Bonito, diminuindo do tráfego na MS-382 e MS-178
“É uma rodovia adequada para o trânsito seguro da fauna. Desde a base ela foi pensada e segue as diretrizes do programa Estrada Viva, com os locais para que os animais passem. A partir de 2021, todas as rodovias que foram construídas pelo Estado, passaram a seguir essas regras”, pontuou o professor Afrânio José Soares, da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) de Aquidauana, coordenador do “Estrada Viva”.
As ações nas rodovias são desenvolvidas desde 2016 em parceria com o Cemap/UEMS (Centro de Estudo em Meio Ambiente e Áreas Protegidas), que cataloga as espécies atropeladas e identifica os principais pontos de passagem dos animais para propor medidas preventivas e de mitigação dos incidentes.
O trabalho foi expandido a partir de dezembro de 2021, quando o Governo do Estado iniciou o processo de criação de um manual com orientações técnicas para proteger animais silvestres de atropelamentos, elaborado em parceria com ONGs (Organizações Não-Governamentais) ambientais.
Atualmente as orientações técnicas para a elaboração dos projetos de pavimentação e revitalização de rodovias no Estado são colocadas em prática com o uso do “Manual de orientações técnicas para mitigação de colisões veiculares com a fauna silvestre nas rodovias de Mato Grosso do Sul”. O documento é utilizado como base na contratação de projetos viários para que novas obras tenham dispositivos de segurança para os animais previstos em projetos executivos.
“Todos os projetos executados pelo Governo do Estado têm que respeitar esse manual. Proteger a vida silvestre de atropelamentos é muito importante, assim como dar segurança às pessoas que transitam pelas rodovias. Faz parte do plano de governo, os investimentos na infraestrutura de Mato Grosso do Sul, mas também no cuidado com a vida silvestre”, destacou o secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Hélio Peluffo.
O “Estrada Viva” é um programa ligado a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). Três rodovias estão em obras no Estado, e utilizam as diretrizes do manual de orientações técnicas, a MS-345 (Estrada do 21), da MS-382 (Baía das Garças) e a Rodovia do Turismo, todas em Bonito. Entre as principais ações desenvolvidas para a proteção dos animais estão as passagens superiores e inferiores para a fauna ao longo das rodovias e as cercas guias em pontos específicos.
“Além do monitoramento outras ações são importantes, como o hospital veterinário para animais silvestres em Campo Grande, para atender a fauna. E também, nos três últimos anos, muitas áreas foram transformadas em parques. Além da questão da estrada, tem o local para os animais habitarem”, explicou o veterinário que atua no programa, Márcio César Seixas.
Adaptações em rodovias pavimentadas
Além de passarem a valer para novos projetos viários, as orientações do manual foram colocadas em prática em estradas estaduais já pavimentadas e que possuem problemas com atropelamentos de animais de espécies ameaçadas de extinção.
Este foi o caso na MS-450, conhecida como Estrada Parque, que passa pelos distritos de Palmeiras, Piraputanga e Camisão, até chegar em Aquidauana. O monitoramento da região é continuo e por meio de parceria com a PMA (Polícia Militar Ambiental), os técnicos do “Estrada Viva” também realizam o transporte de animais silvestres para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande.
“É um trabalho importante que é realizado, garantindo que os animais recebam o atendimento adequado”, afirmou o professor Afrânio. Quando a equipe de reportagem do Governo do Estado esteve na região de Aquidauana, três araras foram transportadas para a Capital.
Para o monitoramento das dez rodovias que fazem parte do “Estada Viva” são empregadas três caminhonetes – que foram entregues ao programa, em dezembro de 2021 – que ficam nas bases de Jardim, Aquidauana e Campo Grande.
Ações efetivas
O promotor de Justiça no município de Bonito, Alexandre Estuqui Júnior – com atuação na área de Meio Ambiente –, afirma que algumas ações implantadas já ajudaram a garantir a segurança dos animais, porém pontua situações preocupantes na região. “Telas e lombadas foram instaladas e aparentemente diminuíram os atropelamentos. Minha preocupação maior é nas estradas que vão para pontos turísticos, como a Gruta, e ainda nas que serão asfaltadas para outros locais de visitação. Caso não seja feito nada, muitos animais podem morrer”.
As estradas apontadas pelo promotor são municipais, a primeira – a Gruta do Lago Azul – dá acesso a MS-178 e a segunda – balneários ao longo do Rio Formoso – a MS-382. “Tem que ter esses programas de mitigação de fauna, é necessário. O Estado tem muita área verde, e o atropelamento de animais é intenso. Por isso ações para que animais e pessoas não sejam feridas e mortas, são importantes”.
“É um processo. O programa do Estado pretende mapear todas as estradas quanto ao risco e fazer um plano de ação para atuar nas estradas já construídas na questão da diminuição desses riscos. A gente vai ter um mapa de alerta que vai informar a Agesul aonde atuar conforme a necessidade, onde é mais importante. Os monitoramentos estão sendo feitos, porém é necessário fazer as avaliações da eficiência da intervenção, os estudos”, finalizou o professor Afrânio.