Crueldade: obra de UPA Veterinária com R$ 3 milhões garantidos há quase dois anos continua no papel
Uma Lei Municipal de 2015 previa a criação de uma Unidade de Pronto Atendimento Veterinário em Campo Grande, para dar assistência aos animais domésticos (cães, gatos, cavalos e jumentos, entre outros). Em 2022, nas suas primeiras ações após a investidura no cargo, a prefeita Adriane Lopes, então no Patriota, enviou à Câmara de Vereadores uma proposta alterando bastante a lei de 2015.
O projeto da prefeita limitou drasticamente o alcance da cobertura assistencial. Ela excluiu o atendimento aos equinos e muares (cavalos e jumentos), alegando que davam despesa excessiva. Suprimiu também o item que projetava um centro cirúrgico na unidade, alegando que “os serviços prestados seriam descritos em alas complementares”, sem especificá-las.
Outra mudança: Adriane – agora no PP e pré-candidata à reeleição -inseriu na sua proposta que a prioridade no atendimento é para os animais cujos donos sejam de baixa renda e cadastrados no CadÚnico (Cadastro Único de Programas Sociais). O terreno escolhido está localizado na esquina das ruas Gérbera e Tumbérgia, no Aero Rancho, um dos mais populosos da Capital.
LANÇAMENTO MIDIÁTICO
Para coroar sua iniciativa, Adriane anunciou a construção de uma UPA Veterinária, antiga reivindicação da sociedade, sobretudo das ONGs e dos ativistas da causa animal. A prefeita fez então um midiático lançamento da obra, que já teria as garantias orçamentárias para sua execução, sendo de R$ 3 milhões o desembolso para a obra. E ainda escolheu de cenário para a solenidade o terreno onde a unidade seria construída.
Já se passaram quase dois anos e aquela promessa continua ao vento, misturada aos entulhos amontoados no mesmo e abandonado terreno onde foi feita. Depois de excluir os jumentos e cavalos – que são também animais domésticos – da assistência que ainda não existe, Adriane condenou cães e gatos de famílias humildes a continuarem abandonados. É um dano dos mais graves, não apenas de caráter humano e afetivo, mas à saúde da população, porque submete os animais a se tornarem transmissores de doenças letais.
O ativista Bruno Nóbrega, subsecretário do Bem-estar Animal, foi à area abandonada, na qual estaria funcionando hoje uma UPA Veterinária. E desabafou: “Há quase dois anos fizemos o lançamento, aqui, neste terreno, da tão sonhada UPA Veterinária. Havia R$ 3 milhões garantidos para a obra e R$ 700 mil para a compra de equipamentos. Imploramos às autoridades, de forma geral, que não deixem nossos pets sem assistência, providenciem o mais rápido possível esta unidade de atendimento. É questão de vida”.
CADÊ OS R$
O questionamento mais lógico e necessário à prefeita é sobre o destino dado às garantias orçamentárias anunciadas por ela. Os campograndenses querem saber por qual motivo aquela obra, que na época já estaria na pauta dos processos licitatórios, não foi sequer iniciada.
O primeiro projeto que autorizou a prefeitura a implantar a unidade de atendimento para cães, gatos, cavalos, asnos e burros foi apresentado pelo então vereador Chiquinho Teles e aprovado no início de julho de 2015. Sua proposta dava uma autorização ao Executivo, sem obrigá-lo a criar a UPA Vet. Previa que a unidade seria equipada para prestar os primeiros socorros, além de atendimento de urgência e emergência, além de serviços como consultas, medicações e cirurgias.