Falta de gestão e estrutura deficiente punem pacientes do SUS e servidores do sistema na Capital
A demora muitas vezes absurda de pacientes na fila de espera por si só já seria suficiente para demonstrar o equívoco na denominação das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) em Campo Grande. Na verdade, o nome mais adequado seria ter um significado oposto à agilidade ou à rapidez para a prestação de serviços de saúde que impõem atenção imediata.
Infelizmente, além da demora, há outras deficiências estruturais e de gestão que expõem o cotidiano caótico das UPAs e, em geral, da política publica de saúde sob responsabilidade da Prefeitura Municipal. A imprensa e os moradores dos bairros da Capital vêm denunciando com insistência os problemas que enfrentam, alguns deles de extrema gravidade, como ocorreu com a jovem que morreu enquanto esperava socorro numa destas unidades.
E a responsabilidade não é dos servidores, que realizam seu ofício a duras penas e condições adversas. A responsabilidade é da Prefeitura, que tem uma Secretaria Municipal de Saúde para não permitir este cenário tão doloroso. São vários os retratos do descaso. Começa com a insuficiência de pessoal em diversas funções, passa pelos baixos salários e falta de adequada estrutura logística e operacional, chegando ao estado da rede física, com unidades em condições impróprias e obras inacabadas.
IN LOCO
O jornal “O Estado” enviou uma equipe de reportagem até algumas destas unidades. A fotografia que foi feita revela um panorama desolador. Uma das visitas foi feita na UPA Dr. Alessandro Martins de Souza, na Vila Almeida. Está em reformas, porém o drama dos pacientes tem duas fontes: o excesso na demora para o atendimento e a falta de plantonista para quem chega de madrugada e fica às vezes 50 minutos ou mais até receberem a atenção médica.
A prefeita Adriane Lopes e a secretária de Saúde alegam que já estão sendo tomadas todas as providências para reforçar os quadros na rede de serviços e reestruturar os prédios com reformas ou construção de novas unidades. Entretanto, há obras atrasadas e projetos paralisados, como nos casos das UPAs da própria Vila Almeida e no Bairro Coronel Antonino. Uma delas foi iniciada em fevereiro de 2023, com previsão de entrega em 10 meses, mas até hoje nem a metade está concluída.
Vale observar que nesta obra já foram desembolsados pouco mais de R$ 882 mil dos custos totais, da ordem de R$ 2,4 milhões. No caso da UPA do Coronel Antonino, a reforma que começou em janeiro do ano passado e deveria ser entregue em dezembro, foi interrompida. Seu custo está fixado em R$ 375,4 mil, dos quais R$ 18,5 mil já estão pagos.