A vigilância sanitária de Mato Grosso do Sul interditou a clínica Carandá, pela segunda vez em seis meses, por encontrar irregularidades sanitárias em vários setores. A clínica é especializada em pacientes psiquiátricos e também enfrenta problemas trabalhistas, por falta de pagamento.
A Vigilância Sanitária constatou uma série de irregularidades na clínica psiquiátrica. Entre os problemas, estão a falta de medicamentos de uso contínuo, funcionários em extrema sobrecarga de trabalho e o comprometimento de comorbidades por falta de dieta especial.
Foram encontradas irregularidades sanitárias nos setores de enfermagem, técnico de enfermagem, nutricional e farmacêutico, de acordo com o coordenador estadual de Vigilância Sanitária, Carlos Alberto Nunes Carneiro.
“A Clínica Carandá vem sendo fiscalizada periodicamente e tem apresentado irregularidades sanitárias que vêm aumentando a cada fiscalização. Agora, foi interditada novamente por descumprimento de normas sanitárias relacionadas a medicamentos, internações e ao setor de nutrição. A interdição se deu em razão desses fatores, para a qualidade da assistência oferecida. A interdição foi cautelar, o que significa que foi feita preventivamente em razão do risco iminente a saúde pública”.
Os pacientes que estão internados na clínica deverão ser realocados ou transferidos no prazo de sete dias, segundo determinação da Vigilância Sanitária. Além da realocação, o local deverá passar por mudanças estruturais.
“A vigilância suspende novas interdições em razão do subdimensionamento do quadro de recursos humanos, pela falta de medicamentos de uso contínuo para o tratamento de pacientes psiquiátricos e o comprometimento de comorbidades por falta de dieta especial”, complementou Carneiro.
Relato de ‘caos’
Uma funcionária, que não vai ser identificada, relatou uma verdadeira situação de “caos” na Clínica Carandá. De acordo com a fonte, as constatações da Vigilância Sanitária é “rotina” no local há muito tempo.
Além da falta de medicamento, funcionários estão sendo afetados por sobrecarga de trabalho, atraso de pagamentos e insalubridade.
“Lá está um ambiente bem caótico. Um caos! Tem um enfermeiro e três técnicos para 40 pacientes. A farmácia só funciona até às 13h. O paciente pode ter surtos a qualquer momento e não possuem medicação e a alimentação adequada”, relatou a funcionária.
Os funcionários da clínica dizem estar às escuras em relação aos pagamentos atrasados e a atual situação do local. “A gerência não se pronuncia. Nós cobramos os salários, mas não falam nada. Estamos recebendo picado. A situação está bem complicada para nós”.