De acordo com levantamento realizado nos Cartórios de Registro Civil de Mato Grosso do Sul, o número de mortes em 2022 também é quase 10 vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos antes da pandemia de Covid-19
O número de mortes em Mato Grosso do Sul, em 2022, é quase 20% maior do que o registrado antes da pandemia, aponta levantamento inédito realizado nos Cartórios de Registro Civil do estado. De janeiro a outubro deste ano, o estado teve mais de 16 mil mortes, contra quase 14 mil registradas nos dez primeiros meses de 2019, último ano antes da Covid-19.
A pesquisa aponta que o alto número de mortes no estado pode estar relacionado a doenças ligadas à Covid-19. Segundo o levantamento, entre 2019 e 2022 houve um salto de 116,2% de mortes provocadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Os óbitos em 2022 também são quase 10 vezes maior que o crescimento anual médio de mortes antes da pandemia. Durante 2021, quase 22 mil pessoas morreram em Mato Grosso do Sul. Em 2020, mais de 15,5 mil pessoas vieram a óbito no estado.
A pesquisa foi realizada com base em dados do Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos realizados pelos Cartórios de Registro Civil e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.
Sequelas Covid
Nos 10 primeiros meses de 2022, foram registradas 80 mortes por SRAG contra 37 no mesmo período de 2019.
Os óbitos causados por pneumonia cresceram 5,9% na comparação entre janeiro e outubro de 2019 e mesmo período de 2022. Em 2019, 2.642 pessoas morreram pela doença, já neste ano, 2.797 mortes foram registradas.
A pesquisa também mostra um aumento de mortes por septicemia, que é uma infecção generalizada grave do organismo, que pode ser causada por fungos, bactérias ou vírus.
Em 2019, foram registradas 1.367 mortes por esta infecção nos 10 primeiros meses do estado. Já neste ano, mais de 1.795 pessoas perderam a vida por septicemia no estado durante o mesmo período. Isso representa um aumento de 31,3% no comparativo entre 2019 e 2022.
O presidente da Arpen-Mato Grosso do Sul, Marcus Roza relata que os dados chamam a atenção. “Estamos com um controle maior da contaminação, diminuição de hospitalização e de óbitos pela Covid-19, porém o vírus tem deixado sequelas significativas na população sul-mato-grossense. Com esses números percebemos que há um alerta em relação à doenças que podem estar ligadas ao vírus e podemos pensar em campanhas preventivas e até mesmo em políticas públicas voltadas para a saúde em todo o estado de Mato Grosso do Sul”, comenta.
Também foi registrado um aumento de mortes relacionadas a doenças do coração em Mato Grosso do Sul. De acordo com a pesquisa, entre janeiro e outubro deste ano cresceram as mortes por Causa Cardiovasculares Inespecíficas (20,2%), AVC (1,9%) e Infarto (1,8%) em comparação com o mesmo período de 2019.