Cuidados paliativos ou a falta deles expõem o tipo de atenção dada pelo poder publico municipal
Lixo, escuridão, equipamentos danificados e outros sinais flagrantes da desatenção do poder publico municipal revelam a situação lamentável dos espaços construídos para garantir à população seu sagrado direito ao lazer, à cultura, ao esporte e outras atividades saudáveis. Das academias ao ar livre às áreas verdes, passando por parques, praças e outros logradouros, nota-se a ausência da principal responsável por sua manutenção: a prefeitura de Campo Grande.
Há locais em que até serviços simples de capina não acontecem. Nos entornos, aumentam os “depósitos” de lixo a céu aberto, rastros tanto das pessoas desleixadas como, principalmente, da autoridade que não cuida da cidade da maneira que ela precisa e merece. Sem a manutenção adequada, na sujeira proliferam bactérias e insetos que causam doenças transmissíveis e mortais, entre as quais a dengue.
O que deixa a população indignada é saber que esses espaços foram um dia, e não faz muito tempo, investimentos planejados para durar e servir ao povo de forma duradoura, desde que fossem bem cuidados. Só que não. Basta percorrer parques como o Jacques da Luz (nas Moreninhas), Ayrton Senna (no Aero Rancho), Sóter (região Norte) e as praças com academias ao ar livre para constatar o tamanho do abandono.
DESESTÍMULO
Frequentadores destes locais aos poucos vêm deixando o hábito de usufrui-los. Faltam ou não são conservados equipamentos como bebedouros e banheiros; bancos, balanços e outras peças de lazer infantil quebrados; insuficiência ou inexistência de recipientes para despejo de lixo; meio de acessibilidade e mobilidade, além, em outros casos, da insegurança gerada pela precariedade no sistema de iluminação.
O lixo na região do Jacques da Luz é comum e até a piscina, que seria para a prática do nado livre e da hidroginástica, está desativada há cerca de quatro anos. No Ayrton Senna também há muitas as razões para a revolta comunitária: portões que não funcionam direito, falta de bebedouros e até a existência de um único banheiro para atender uma das áreas habitacionais mais populosas da Capital. No Sóter, também se repetem cenas lamentáveis como o acúmulo de lixo e trechos na escuridão.
A prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Esporte (Funesp), nega categoricamente que estes espaços estejam abandonados. E citam, à guisa de argumento, que casos como os da piscina desativada e da falta de manutenção nos equipamentos vieram de outras gestões, mas já estão sendo solucionados.
Diante da evidente incapacidade de implementar soluções gerenciais que evitem tantos problemas – todos sanáveis, e a curto prazo -, apesar do acúmulo de demandas, resta aos gestores de Campo Grande caprichar na renovação das justificativas. Se em um ou dois anos os rastros do abandono só aumentaram, ao invés de diminuir, os espaços de lazer podem até mudar o nome para “espaços de sofrer”.