Cerca de 400 mulheres sem terra trancam desde a madrugada desta terça-feira a rodovia MS 162, entrada do município de Maracaju. A ação é compostas por camponesas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), do Mclra (Movimento Camponês de Luta pela Reforma Agrária) e da CUT Rural (Central Única dos Trabalhadores). O ato iniciado às 4h30 faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres e não há previsão de término.
De acordo com Fabiana Aparecida, dirigente estadual do MST, as mulheres Sem Terra estão mobilizadas em todo Brasil, realizando marchas, ocupações, trancamento de vias, entre outras ações. “Queremos chamar a atenção da sociedade para nossas pautas. Estamos aqui em defesa da natureza, da alimentação saudável e contra o agronegócio”. Além destas bandeiras, segundo a dirigente, as Sem – Terras lutam pela demarcação das Terras Indígenas, pela defesa de seus direitos e pelo combate à violência contra a mulher.
O município foi escolhido pelas mulheres camponesas, pois além de concentrar empresas como a Cargill, Coamo, entre outras representantes do latifúndio e responsáveis pelos altos índices de alimentos produzidos com agrotóxicos, está em curso na cidade a instalação da fábrica BBCA, para processar milho, soja e colocar em risco a biodiversidade da região, pois quando esta empresa operava na China, ela foi responsável pela morte do Rio Huai. Em Maracaju, a indústria será instalada próxima ao Rio Brilhante.
Sem reforma – As mulheres denunciam o alto consumo de agrotóxicos pela população brasileira. “Somos o país que mais consome veneno no mundo. O governo precisa dar mais atenção à agricultura familiar, que é quem alimenta a população. Enquanto o agronegócio recebe bilhões dos cofres públicos para exportar soja, nós recebemos cada vez menos recursos para colocar o alimento no prato do brasileiro. O ajuste fiscal aperta mais sobre a camponesa” afirma Fabiana.
Outro ponto destacado diz respeito à Reforma Agrária. De acordo com o MST, 2015 foi um ano perdido para a Reforma Agrária. No entanto, este cenário não se repetirá neste ano, segundo o movimento, pois as mobilizações tendem a aumentar. A intenção é pressionar o Governo Federal para retomar os processos de desapropriação.
As Sem Terra também chamam a atenção para o auto índice de casos de violência contra a mulher no MS. Entre 2014 e 2015 foram mais de 19000 ocorrências do tipo. O Mato Grosso do Sul é o segundo estado em número de estupros de mulheres. Recentemente, o governador Reinaldo Azambuja vetou um projeto de lei que visava combater os casos de assédio em transportes coletivos de todo estado. O veto foi ratificado pela base do governo na Assembleia Legislativa. (Assessoria)