Peritos analisaram objetos recolhidos nas sedes dos três Poderes como meia, batom, máscaras, garrafas de água e restos de sangue
Vestígios de material genético encontrados nas sedes dos três Poderes permitiram à PGR (Procuradoria-Geral da República) acusar mais 31 pessoas de vandalismo no 8 de janeiro.
Os fragmentos foram confrontados com amostras recolhidas de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) presos no acampamento em frente ao QG do Exército no dia seguinte.
O resultado forneceu ao órgão elementos para sustentar a acusação de envolvimento desses suspeitos na invasão e depredação dos prédios.
A lista de objetos recolhidos e analisados pelos investigadores inclui meia, batom, camisas, toalha de rosto, máscaras de proteção facial, bandeiras, barras de metal, garrafas de água, latas de refrigerantes, bitucas de cigarro e restos de sangue, entre outros.
Esse grupo de 31 pessoas já havia sido denunciado pela PGR e respondia a ações penais por dois crimes: associação criminosa e por incitar as Forças Armadas contra os poderes constituídos.
Com base nos laudos técnicos produzidos pelos peritos da Polícia Federal, a Procuradoria encaminhou ao STF (Supremo Tribunal Federal) aditamento aos processos.
Pede à corte que os suspeitos sejam processados por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado.
Caso o tribunal acate os pedidos, esse grupo se somará aos 232 réus que já respondem pelos crimes mais graves. O julgamento das ações penais está previsto para iniciar nesta quarta-feira (13).
Perderão também o direito a fazer acordo de não persecução penal e podem ser condenados por cinco crimes cujas penas somadas podem chegar a 30 anos de reclusão.
“Com essas provas, é possível dizer com segurança que, mesmo que essas pessoas não tenham sido detidas em flagrante no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto ou no STF, elas estiveram nesses locais”, afirma o subprocurador Carlos Frederico Santos, coordenador do grupo GCAA (Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos) da PGR.
De acordo com informação divulgada pela Procuradoria nesta segunda-feira (11), os peritos da PF produziram dezenas de laudos e perfis genéticos.
As análises foram feitas pelo Serviço de Perícias em Genética Forense, que recebeu quase 1,4 mil amostras biológicas dos presos. O processamento do material coletado levou à elaboração de 1.385 perfis genéticos: 896 de pessoas dos sexo masculino e 489 do sexo feminino.
O passo seguinte foi confrontar essas informações com os perfis genéticos obtidos dos vestígios coletados no âmbito das investigações dos atos de 8 de janeiro e com dados do Banco Federal de Perfis Genéticos. Foram também consideradas informações de bancos de dados públicos, como o do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e de secretarias estaduais de Segurança Pública.