O ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad prestou depoimento na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) no último dia para o fim do prazo, no caso, nesta terça-feira (18). O político é investigado por crimes contra dignidade sexual desde o início de julho.
Marquinhos Trad, de 57 anos, chegou à delegacia acompanhando com uma advogada e prestou depoimento para a delegada Maira Pacheco.
As acusações contra o político envolvem, inclusive, a oferta de emprego a mulheres usando cargos públicos em troca de sexo. Um dos locais onde os crimes teriam ocorrido é o gabinete do chefe do Executivo, alvo de busca da polícia em meio à campanha eleitoral.
Próximos passos
Após o fim da investigação, o caso será encaminhado para o Ministério Público, a quem caberá decidir se Marquinhos será denunciado ou não.
O inquérito apontou 16 supostas vítimas, mas a Justiça determinou o arquivamento dos casos em relação a parte das vítimas. Os motivos para isso foram a prescrição dos fatos denunciados ou a não identificação de crimes a serem punidos.
Andamento do processo
A Justiça de Mato Grosso do Sul desconsiderou uma parte das acusações feita por sete mulheres, mas o inquérito da Polícia Civil segue tramitando para apurar supostos abusos relatados por outras três denunciantes.
Além desses casos analisados pela Justiça, outras seis mulheres também fizeram denúncias a polícia contra o ex-prefeito de Campo Grande.
A investigação relacionada a três vítimas listadas pela Polícia Civil foi mantida, com a anotação pela magistrada de que há indícios de ter havido exploração do fato de serem pessoas vulneráveis. A descrição feita é de que as mulheres procuraram o político pedindo ajuda e acabaram sendo assediadas para contatos de cunho sexual.
Foi essa a argumentação usada pela delegada do caso, Maira Pacheco Machado, quando ouvida pela Justiça, para defender a continuação do inquérito, sob argumento de existir jurisprudência a esse respeito, ou seja, que a tentativa de penalizar o investigado pode continuar quando as vítimas perderam o prazo de denúncia por estarem em situação de vulnerabilidade. Esse argumento não foi acatado pela juíza.
Para outra mulher, a interpretação aplicada é que não há crime relacionado ao ex-prefeito, pois a denunciante afirmou sequer conhecê-lo. Ela é uma das três mulheres que participaram de uma festa em Coxim, com três homens, dois empresários e um delegado de Polícia Civil, que também estão sob investigação por favorecimento à prostituição, entre outros ilícitos.