Projeto deve ser assinado e levado à Assembleia Legislativa no dia 2 de maio
Visando solucionar um problema antigo de Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado elabora um Projeto de Lei para subsidiar o upgrade de CNHs dos tipos C e D para D e E, respectivamente, para que os motoristas de caminhão estejam aptos a conduzir grandes veículos nas rodovias, suprindo o déficit de mão de obra no setor estadual de transportes.
“A deficiência no mercado de trabalho está sendo identificada em várias categorias. Nós vamos entrar com uma política pública junto com as entidades representativas do setor, para que a ação aconteça em uma escala maior”, afirmou o governador, Eduardo Riedel.
Jaime Verruck, titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), explica que os motoristas de caminhão só podem atuar no transporte se possuírem carteira D ou E.
O “upgrade” dessas carteiras custa aproximadamente R$ 6 mil, o que faz com que motoristas desistam de avançar à próxima categoria.
“Hoje no Estado temos 500 motoristas parados. O motorista de caminhão só pode dirigir se ele é D ou E. O motorista de grandes caminhões, só pode com E. O motorista da D, vai para E, e quem está na C para E. Fizemos isso com o sindicato dos trabalhadores e dos transportadores”, afirmou.
De início, serão disponibilizadas 1.000 vagas, e o “voucher” para realizar essa mudança na CNH deverá ser concedido de acordo com a demanda. O projeto deve ser assinado e levado à Assembleia Legislativa no dia 2 de maio.
“Vamos mandar um projeto de lei que não vai cobrar para quem tiver no programa. Com esse voucher, ele recebe, entra no sistema, faz o curso e apresenta no Detran. São pessoas que imediatamente entram no mercado de trabalho”, ressaltou.
Segundo o estudo realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Cargas de MS (Sindicargas) em parceria com a categoria, hoje, mais de cinco mil trabalhadores compõem o grupo estagnado nas categorias “C” e “D”, com salários em torno de R$ 2,5 a R$ 3 mil.
Um motorista com categoria “E” ganha em média R$ 8 mil, com trabalhadores que tiram até R$ 17 mil e outros que batem apenas R$ 3,5 mil no mês.
Para avançar para essa última categoria de habilitação, estima-se que o trabalhador hoje – além de participar do curso de 30 dias para a progressão – precise desembolsar pelo menos R$ 4,2 mil no processo.
Dorival Oliveira, Diretor de Administração do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Estado de Mato Grosso do Sul (Setlog), destaca que os motoristas preferem continuar trabalhando na cidade, por um salário menor, do que investir no upgrade da CNH.
“Muito motorista prefere ficar ganhando menos na cidade e, aliado ao alto custo da CNH, a pessoa acaba desistindo”, pontua.
Dorival cita que um dos principais problemas do setor é o envelhecimento dos profissionais que realizam a função de estradeiro de longas viagens.
“Não tem material de reposição. Hoje você é difícil pegar uma pessoa de 20 e poucos anos que quer ser motorista de caminhão. É uma profissão que parece que perdeu o atrativo, mesmo pagando salários bons a nível de mercado”, expõe Dorival.
Para o diretor da Setlog, a medida será um ótimo incentivo para trazer novos profissionais para o mercado.
“A gente precisa tomar uma posição, porque, continuando dessa forma, vamos chegar daqui a dois ou três anos e não vai mais existir motorista estradeiro”, concluiu.
Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, no fim de março, Mato Grosso do Sul estava precsando de aproximadamente 3.000 trabalhadores para o setor em 2023. A falta de mão de obra faz com que empresas deixem parte de suas frotas estacionadas, sem profissionais qualificados para atuar.
Entenda as categorias da CNH
Atualmente, motorista que tira sua primeira habilitação como condutor categoria B, leva cerca de três anos até chegar na E, com a possibilidade de dirigir as carretas e caminhões com reboques que fazem esse transporte de carga.
Essa progressão pode se dar de duas formas distintas, sendo uma delas a opção de subir de categoria a cada ano, já que é necessário o intervalo de 12 meses para progredir em ordem alfabética.
Entretanto, o motorista que visa a última das categorias, pode esperar por dois anos na “B” e pular direto para a “D”, sem passar pela classe intermediária (que permite digir caminhões não articulados, tratores e máquinas agrícolas).
Uma vez na D, basta esperar mais 12 meses até chegar na última categoria, sendo necessários:
Ter 21 anos completos Curso prático de 20 horas/aula Teste de direção veicular Estar aprovado nos exames de aptidão física e mental Além de não ter cometido infração gravíssima nos últimos 12 meses