De acordo com o SGB, na última semana, a Bacia do Rio Paraguai registrou um volume de chuvas de 5,5 milímetros, concentrado nas bacias Miranda e Aquidauana
O rio Paraguai atingiu nesta sexta-feira, 20 de setembro, a altura negativa de 41 centímetros na medição do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6° Distrito Naval da Marinha do Brasil. O declínio acentuado aponta para cenário só observado nos anos mais secos da história. Os níveis mais baixos, de -61 cm e -60 cm, foram observados em 1964 e 2021, respectivamente.
A marca desta sexta-feira é muito preocupante porque no mesmo dia 20 de setembro de 2021 – quando o Pantanal enfrentou a segunda pior seca da história e o rio alcançou nível de 60 centímetros negativos – a centenária régua ladarense marcava 18 centímetros negativos. A descida do rio está mais rápida agora do que três anos atrás, quando a marca de -60 cm foi alcançada na segunda quinzena de outubro.
Projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB) mostram que nas próximas três semanas o rio Paraguai continuará registrando queda em seus níveis em Ladário – estação de referência que registra o comportamento diário da altura do rio desde 1900. O prognóstico traz previsão de 52 centímetros negativos para o próximo dia 02 de outubro.
“Em algumas das estações temos observado o atingimento dos níveis mínimos da série histórica, como na estação de Barra dos Bugres (MT). Em algumas estações os níveis estão bem próximos às mínimas históricas também. Então, é uma bacia que está passando por esse processo realmente de seca mais avançado”, destacou a pesquisadora em geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB) Luna Gripp.
“Em relação à previsão de chuvas, os modelos indicam alguns milímetros ao longo das próximas semanas, mas como os rios estão bastante secos, mesmo que essas chuvas venham dentro da previsão, é provável que os rios continuem com níveis abaixo do esperado para esse período do ano”, acrescentou Gripp.
De acordo com o SGB, na última semana, a Bacia do Rio Paraguai registrou um volume de chuvas de 5,5 milímetros, concentrado nas bacias Miranda e Aquidauana. Os rios da região apresentam níveis abaixo do normal para este período do ano, com exceção dos rios Cuiabá, Miranda e Aquidauana, que apresentam níveis dentro do esperado. Em Cáceres, o rio Paraguai apresenta o nível mais baixo do histórico para este período do ano: 0,35 centímetros.
Impactos
Para a navegação, o baixo nível do rio afeta diretamente a movimentação de embarcações de maior profundidade, que enfrentam dificuldades para navegar em trechos críticos.
Nesta sexta-feira, o Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, o 6° Distrito Naval da Marinha do Brasil em Ladário, mostra que o rio Paraguai está 2,43 metros abaixo do nível de redução – profundidade de referência que garante segurança para quem navega utilizando as cartas náuticas.
No setor de saneamento, os níveis baixos dificultam a captação de água e levam à necessidade de implantar bombas flutuantes para manter o abastecimento regular. Além disso, o meio ambiente também sofre com essas condições, pois a redução do fluxo de água intensifica a degradação dos habitats aquáticos e aumenta a concentração de nutrientes, com risco de ocorrência do fenômeno da “decoada”, que implica em elevada mortandade de peixes nos rios do Pantanal.