A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, afirmou que a estratégia de vacinação contra Influenza é definida pelo próprio município, e que a pasta federal não tem controle sobre quem, de fato, recebe a imunização. Ela foi ouvida pelos vereadores que integram a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Vacinas, instaurada na Câmara Municipal para apurar o sumiço de cerca de 30 mil doses da rede pública de saúde.
“Todos os estados e municípios receberam doses suficientes para cada número alvo. Se garantir que em um shopping só vai vacinar grupos de risco, não tem problema. Tem que garantir a segurança da vacina, que será aplicada em condições certas e adequadas, e que vai ser aplicada no grupo certo. Cabe a estados e municípios definirem suas estratégias”, disse, por meio de videoconferência.
Das 42 milhões de pessoas do público alvo no Brasil, 722 mil estão em Mato Grosso do Sul. Tem prioridade na vacinação os chamados grupos de risco, que incluem idosos, crianças com até cinco anos de idade, trabalhadores da saúde, detentos e gestantes. Em Mato Grosso do Sul, 95% do público alvo foi atingido, índice superior ao do ano passado, quando 85% da população de risco foi vacinada.
Carla também garantiu que as doses enviadas para Mato Grosso do Sul eram suficientes e que possíveis perdas podem ocorrer por erro humano. Os 5ml por frasco de vacina ainda foram atestados pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde).
“Nunca mandamos o número certo de vacinas, sempre a mais, pois há a perda técnica. Na hora que o vacinador tira, ele tira um pouco mais, porque não consegue ser tão preciso. Assim, um frasco de 10 doses não dá. A perda técnica faz parte do processo, principalmente em campanha, pois tem uma fila muito grande, com muita gente a vacinar”, sustentou.
Controle é falho
Apesar de garantir que o número de vacinas contra Influenza enviadas à Mato Grosso do Sul foram suficientes, a representante do Ministério da Saúde admitiu que o controle de quem recebeu a vacina pode permitir falhas. De acordo com ela, isso ocorre pois os registros são feitos com estatísticas, e não de maneira nominal. A escolha para o controle em Campo Grande foi feita pela própria Prefeitura.
“Não temos nenhum sistema nominal que tenha todo o cadastro da pessoa com sua condição de saúde. As formas de controle são definidas por município. Só quando houver um registro nominal, vamos minimizar erros. Enquanto trabalharmos com dados estatísticos, não é possível [perceber falhas]. O Ministério que define a forma de registro. O preenchimento, sim, é feito pelo município. Estamos saindo do sistema de estatística para o nominal. Ano que vem, todo mundo utilizará o sistema nominal”, finalizou.
Até semana passada, foram 18 mortes registradas em Campo Grande por conta da gripe A. Em Mato Grosso do Sul, segundo dados oficiais da SES (Secretaria de Estado de Saúde), o número de confirmações da doença já é de 324. Segundo dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a campanha cobriu 91,24% do público alvo, sobrando 32.381 doses de vacina contra a gripe H1N1 com destinação incerta.
Denúncia – A CPI disponibiliza para a população um canal de denúncias em seu site. Caso tenha qualquer informação que possa contribuir com as investigações, basta acessar www.camara.ms.gov.br/denuncias ou enviar um e-mail para [email protected]. (Assessoria)