Empresários querem reajuste astronômico no preço de passagens sem cumprir com a contrapartida
Para exigir reajustes astronômicos no valor das tarifas, inclusive com a ameaças de paralisar os serviços, o Consórcio Guaicurus continua a usar a tática de choramingar misérias enquanto prossegue enrolando os usuários e estica a interminável novela em parceria com a Prefeitura de Campo Grande. Renovar a frota, instalar aparelhos de ar condicionado e construir novos pontos com coberturas e assentos ficam nas palavras e promessas.
Há décadas o monopólio da concessão do transporte coletivo na cidade está sob o domínio de uma meia dúzia de empresários que se revezam. Com a condescendência da gestão campo-grandense, que considerou “ótimo” o tipo de atendimento que presta (ou não presta) aos usuários, o Consórcio já deixou claro que quer a tarifa reajustada em 64%.
Talvez por acreditar na generosíssima classificação que recebeu desta gestão, o Consórcio Guaicurus pretende potencializar seus lucros mediante mais um arrocho no bolso do passageiro, que hoje paga R$ 4,75 por cada passe e está sob a iminência de ser obrigado a desembolsar R$ 7,79 em breve. E a pressão anunciada sobre a prefeitura está oficializada: o consórcio fez um pedido judicial para que a prefeita Adriane Lopes (PP), reeleita, pague multa diária de R$ 50 mil se não autorizar o reajuste.
QUADRO QUE NÃO MUDA
O quadro atual do transporte coletivo na Capital é o mesmo há muitos anos: ônibus em sua maioria de validade questionável, sem ar condicionado e sem acessibilidade, linhas mal atendidas, superlotação, demora, terminais maltratados, tarifa elevada demais para a precariedade dos serviços, ausência de veículos em vários bairros, falta de pontos ou de cobertura.
Tudo isto a gestão municipal classifica de serviço “ótimo” ou “bom”. É uma avaliação própria de quem não dependa de ônibus para ir e voltar do trabalho e da escola, para procurar emprego, estudar, cuidar da saúde, ter seu direito ao lazer, visitar familiares e amigos. Esta, enfim, é uma cidade que logo estará com um milhão de habitantes – e continuará andando a pé se não chegar ao fim a novela sobre o “caso Consórcio Guaicurus-Prefeitura”.