Segundo o MPMS, todas as localidades onde ocorrer a identificação do início dos incêndios serão visitadas pela PMA
Após identificar sete pontos de início de incêndio no Pantanal sul-mato-grossense, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) busca agora, em trabalho conjunto com outras instituições, entender como os focos começaram e, se preciso, responsabilizar os envolvidos.
A ação faz parte de um monitoramento realizado pelo órgão através do Nugeo (Núcleo de Geotecnologias), dentro do Programa Pantanal em Alerta, com foco em auxiliar nas estratégias de prevenção, responsabilização e educação ambiental.
De acordo com o levantamento inicial, os chamados ‘pontos de ignição’ geraram aproximadamente 12.387,24 hectares de incêndios florestais entre os dias 10 de maio e 10 de junho, período em que o Estado decretou emergência ambiental na região.
“O objetivo da ação é investigar as possíveis causas do incêndio, a identificação dos responsáveis, se ocorreram ou não em propriedades privadas, bem como a responsabilização, se for o caso”, informa o Ministério Público.
Além disto, a ação busca pelo trabalho preventivo junto as propriedades e locais onde iniciam-se os incêndios no Pantanal.
Segundo o MPMS, todas as localidades onde ocorrer a identificação do início dos incêndios serão visitadas pela PMA (Polícia Militar Ambiental).
No levantamento realizado no Bioma Pantanal, 8.836,35 hectares estão em território sul-mato-grossense, enquanto 3.550,79 hectares foram registrados em país vizinho.
“Com isso, a análise remota de regressão das cicatrizes de incêndios permitiu identificar sete pontos de ignição inicial, encontrados em seis imóveis rurais e uma área sem cadastro no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Os incêndios atingiram cerca de vinte propriedades rurais no Pantanal sul-mato-grossense”, aponta o Ministério Público.
As áreas afetadas continuam a sofrer com a propagação dos incêndios, uma vez que o fogo ainda não foi completamente controlado.
Após a vistoria da Polícia Militar Ambiental, os relatórios serão enviados às Promotorias de Justiça competentes para tomar as providências necessárias de responsabilização e prevenção.
Operações
De acordo com o Corpo de Bombeiros, as ações de combate aos incêndios no Pantanal têm se concentrado em diferentes regiões diante do longo período de estiagem vivenciado em Mato Grosso do Sul.
Atualmente, segundo material divulgado pelo Governo do Estado, recentemente foi dado início a fase de ‘resposta’ de combate às chamas.
Como relatado por Carlos Padovani, doutor em Ciências e pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Pantanal, em Corumbá, desde 2018 o bioma passa por períodos de estiagem cada vez mais longos e adversos, resultado das mudanças climáticas em todo o mundo.
“O Pantanal tem ciclos, épocas que passa realmente por esses períodos de estiagem. Desde 2018, teve início um novo ciclo de estiagem. Em 2023 foi um pouco atípico neste sentido, já teve um pouco mais de chuva, o rio chegou a níveis normais. Mas esse ano, vai ser bem acentuado, extremo de seca e a preocupação é que os níveis do rio Paraguai fiquem mais baixos do que em 2020 e 2021”, disse em material publicado pelo Governo do Estado.
A preocupação é que a partir de agora as chuvas que já estavam reduzidas desde o fim de 2023 fiquem ainda mais escassas, intensificando o período de seca aumentando o risco de incêndios florestais.