Trecho do Rio Paraguai que banha o território sul-mato-grossense está em situação crítica para navegação. O nível baixo das águas e o assoreamento têm dificultado o tráfego de embarcações. Atualmente 29 embarcações estão paradas em pontos críticos do rio, número que pode se elevar a partir de fevereiro, com o início do escoamento da safra agrícola.
De acordo com a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), a situação tem atrapalhado o escoamento das exportações sul-mato-grossenses. Nos pontos críticos será necessária a realização de um trabalho de dragagem, mas as atividades esbarram em autorização do Ibama, responsável pelo licenciamento ambiental em todo o Brasil.
Estão previstas obras de dragagem em três pontos do lado do Rio Paraguai no Estado: o primeiro começa na confluência com o Rio Paraná até o quilômetro 387, o segundo do quilômetro 387 até o 704, e o terceiro segue do quilômetro 704 até a confluência com o Rio Apa, onde o rio passa a fazer divisa entre Brasil e Paraguai.
Nos três setores que aguardam autorização do Ibama, estima-se que serão extraídos entre 1,5 milhão a 2 milhões de metros cúbicos de sedimentos. O trabalho deve durar um período de 36 meses para ser concretizado no lado brasileiro do rio.
“Toda vez que temos um ponto que interrompe a navegação, é preciso desconectar as barcaças, o rebocador passa com uma ou duas barcaças, para depois refazer a composição. Portanto, tempo e custo de viagem aumentam, encarecendo o produto e reduzindo os ganhos do produtor”, frisou Jaime Verruck, titular da Semadesc.
Ao contrário do lado brasileiro, no lado vizinho do rio, o governo paraguaio deu inicio no serviço de dragagem dos pontos críticos. O trabalho, iniciado na semana passada, foi comunicado pelo MOPC (Ministério de Obras Públicas e Comunicações) do Paraguai à Semadesc.
O trecho que passa por dragagem é o que separa o Paraguai da Argentina, em área conhecida como Vuelta Quese, no quilômetro 60 do rio. A previsão é que somente neste ponto o trabalho, executado e custeado pelos paraguaios , deve durar duas semanas.
Estimativa
A movimentação de cargas pela hidrovia do Rio Paraguai, a partir dos portos de Mato Grosso do Sul: Corumbá, Ladário e Porto Murtinho, superou 4,2 milhões de toneladas no ano passado. O crescimento do transporte hidroviário foi de 36,94% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, conforme dados do último levantamento da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).
Entre os produtos transportados o maior volume ficou com o minério de ferro, que totalizou 3,9 milhões de toneladas no período, seguido pela soja, que atingiu a marca de 300 mil toneladas, e pelo açúcar com 20 mil toneladas. Aparece na lista também o ferro e o aço, que somaram 10 mil toneladas transportadas.