São muitas as desculpas para a ineficiência do transporte coletivo em Campo Grande, problema que perdura por muitos anos. Os mandatários de plantão gostam de lembrar que é culpa do contrato firmado entre a prefeitura e o Consórcio Guaicurus em 2012, quando o prefeito era Nelsinho Trad. Errados não estão.
Mas quem pulou do projeto e do grupo político do ex-prefeito para outras freguesias conta a história parcialmente. Parece síndrome de ex, em que ex-amigos e ex-aliados descarregam na camarilha do passado a culpa por situações do presente, na conveniente apropriação sartreana em que o “inferno são os outros”.
O ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) foi um participante ativo do processo que culminou no contrato atual do transporte coletivo. Ele era deputado estadual na época e nunca se opôs a concessão para o grupo. Já nas suas campanhas para prefeito, o transporte coletivo sempre esteve em pauta, dizia desde equipar os veículos como também rever o famigerado contrato. Nada fez!
Ou seja, na sua época à frente da prefeitura, Marquinhos Trad ajudou a criar uma atmosfera para representar que o processo que estava ocorrendo previa inclusive a participação popular. Não consta que ele tenha questionado ou se insurgido contra os termos do contrato.
Esse resgate é para dizer que Marquinhos tinha a obrigação de resolver os problemas do serviço de ônibus para a população, de uma vez por todas, porque era o prefeito da cidade e a responsabilidade era inteiramente dele. E também porque fez parte desse histórico de erros e equívocos que castiga o passageiro com um transporte público de má qualidade, ultrapassado e caro.
Em seu último ato, na esteira da contenda jurídica entre a prefeitura e o Consórcio, o município pediu autorização da Câmara Municipal para remanejar R$ 12 milhões dos cofres municipais para suprir o rombo nos cofres do Consórcio. São recursos que vão deixar de ser investidos na divulgação turística, meio ambiente, obras e esporte.
Agora, com a prefeita Adriane Lopes à frente do comando do Executivo, o corpo jurídico do Consórcio vem avisando que vai querer mais dinheiro, Na verdade eles pleiteavam R$ 30 milhões, e vão em busca desta grana agora. Reunião para os próximos dias para tratar do assunto pode ocorrer.
Não é possível que a prefeita repita ou continue com os erros. Vai ter que ter a coragem e a capacidade, que faltou a seu antecessor para colocar os pingos nos is. A Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) e a Agetram (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), não podem mais agir como aliados do Consórcio. A primeira como se fossem advogados do grupo, e a segunda ficou expert em fazer remissão das multas que ela mesma aplicava, cerca de 80%.
Até hoje, nenhum prefeito demonstrou qualquer preocupação com os usuários, tratados pior que gado. A esperança é que Adriane Lopes escute primeiro quem depende do serviço de transporte público, para se armar e não continuar refém deste Cartel. Exigir que ele cumpra o contrato de uma vez por todas, e se não conseguir, uma nova concessão não faria mal, pois pior do que o transporte está não pode ficar.
Tenho dito!