A prefeita Adriane Lopes, que vinha dando mostras que se distanciaria do jeito caótico e incapaz de administrar do seu antecessor, pisou na bola ao não divulgar os dados do Programa de Inclusão Profissional (Proinc), guardados a sete chaves pelo ex-prefeito Marquinhos Trad, que, segundo denúncias, estaria sendo usado apenas para pagar cabos eleitorais.
Agora parece que um fósforo foi aceso bem perto de um barril de pólvora, com queixas de servidores municipais que estariam sendo sujeitados a assistir, de dentro de prédios da prefeitura, conferências políticas de pré-candidatos a cargos eletivos em outubro. O ato é vetado pela Justiça Eleitoral e, se provado, pode acarretar até a impugnação, ou seja, o pré-candidato eventualmente penalizado pode não concorrer no pleito. O presidente da Câmara Municipal, Carlos Augusto Borges, o Carlão, afirmou que vai determinar investigação acerca do caso e, se confirmar, tomará providência com denúncia ao TRE.
A suposta reunião política teria ocorrido em um núcleo gerencial do Proinc, que já motiva briga judicial por suspeitas de irregularidade em seu funcionamento. O vereador Professor André solicitou à prefeitura o número de vagas ofertadas, a relação dos nomes, a quantidade de inscritos, onde atuam os beneficiados e, ainda, que cursos foram ministrados pelo programa. No entanto, isso não ocorreu. Então, ele judicializou o caso.
E quando todos esperavam que a prefeita Adriane Lopes tomasse uma atitude responsável, ela simplesmente tenta burlar a decisão do juiz Marcelo Andrade Campos de determinar a divulgação da lista dos beneficiários do Programa de Inclusão, que custa cerca de R$ 4 milhões por mês aos cofres do município, que protela há seis meses o cumprimento da decisão, já tendo recorrido, sem sucesso, ao Tribunal de Justiça para não abrir a caixa-preta do programa.
Se hoje ela completa 100 dias de governo e declarou que está trabalhando, estruturando as possibilidades e buscando novos caminhos, não deveria proteger os apaniguados de Marquinhos que lotam o Proinc, a Funesp e a Semadur, que, segundo denúncias, estariam lá para prestar serviços de campanha.
Transparência deveria ser a marca de qualquer gestor, mas Adriane Lopes toma um caminho nefasto ao esconder tais informações. Esse comportamento antiquado rompe a relação de confiança entre cidadão e agentes públicos. No Estado Democrático de Direito não se tolera a concepção de uma administração pública cuja regra seja o sigilo.
A pergunta que se faz é: Qual o receio e a preocupação de prestar esclarecimentos à população?
Como dizia vovó, neste angu tem caroço!