Abalado pelos escândalos envolvendo o ex-prefeito Marquinhos Trad, o PSD praticamente sucumbiu em 2022, após o sucesso estourado nas eleições municipais que garantiram a maior bancada em 2020 na Câmara Municipal de Campo Grande.
Sem a Prefeitura de Campo Grande e com redução na presença federal e na Assembleia Legislativa, o partido passa a viver o momento mais crítico em toda sua história em Mato Grosso do Sul.
Do partido, apenas Tiago Vargas conseguiu se sobressair, com votos suficientes para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Mesmo assim, ele ainda não tem posse garantida já que estaria inelegível após ter sido demitido da Polícia Civil. O caso ainda deve ser analisado pela Justiça Eleitoral.
Caso não tenha o recurso aceito, Vargas é substituído por Pedro Pedrossian Neto, também do PSD, neto do ex-governador do Estado Pedro Pedrossian. O único do grupo do ex-prefeito que conseguiu se safar nas urnas.
Felipe Orro, que deixou o PSDB para se aventurar ao lado de Marquinhos, ficou de fora da eleição, acreditava no sucesso do candidato do PSD. Pior ainda, deixou a esposa, Viviane Orro, na cova dos leões, já que ela teve que balancear o machismo da chapa com um candidato denunciado por crimes sexuais, que supostamente trocava cargos e vantagens por sexo com mulheres em situação de fragilidade.
O partido ainda se garante com a bancada municipal, mas minguou em força. Coringa perdeu para deputado federal, assim como Otávio Trad e Silvio Pitu não conseguiram espaço na Assembleia Legislativa.
Além disso, o irmão de Marquinhos, o deputado federal Fábio Trad, ficou novamente sem mandato. Luiz Henrique Mandetta, que não é do PSD, mas é primo, levou uma surra da senadora eleita Tereza Cristina. O juiz Odilon, novato no partido, depois de amargar derrota em 2018 para o Governo, também acreditou em Marquinhos e comeu de novo poeira. Quem se salvou desta guerra contra a tradição dos Trad, o último dos moicanos, foi o senador Nelsinho, que ainda se garante porque o mandato vai até 2026.
Marquinhos Trad obteve nas urnas irrisórios 124.795 votos, o que corresponde a apenas 8,68% dos votos válidos no estado, desempenho pífio, ficando em sexto lugar, quando jurava que iria governar o Mato Grosso do Sul. Chamado que, segundo ele, havia recebido diretamente de Deus. Lamentável usar o nome do Senhor em delírios de poder. Vale lembrar que Marquinhos foi reeleito prefeito de Campo Grande com 218.418 votos referentes a eleitores somente da Capital.
O político renunciou à prefeitura da Capital neste ano para concorrer ao governo do Estado num momento em que era colocado como um dos favoritos ao cargo. No decorrer da campanha, ele enfrentou diversos desgastes.
Primeiro, quando as críticas à sua gestão de Campo Grande foram intensificadas e as consequências das falhas administrativas vieram à tona e impactaram diretamente a gestão da sua sucessora no cargo. Adriane Lopes vem enfrentando grandes dificuldades para administrar a capital sul-mato-grossense, conforme as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal, já que teria herdado um rombo nos cofres públicos.
Esses números corroboram o abandono que Campo Grande vive, com o caos na Saúde do município, os bairros a Deus dará e pelo menos 33 obras paralisadas, sem previsão de conclusão, pois o candidato derrotado no domingo não deixou recursos para sua sucessora tocar a máquina. Neste ponto o eleitor de Campo Grande demonstrou sua indignação sobre esse amontoado de coisas.
Segundo, quando mulheres começaram a denunciar o ex-prefeito por crimes sexuais. No mês passado, com o inquérito praticamente concluído, a Polícia Civil intimou Marquinhos por duas vezes para prestar depoimento e esclarecer os fatos. Ele não compareceu alegando que tinha compromissos de campanha. Agora, graças aos sul-mato-grossenses, ele está livre para curar a ressaca e a camaceira de pau que recebeu nas urnas e comparecer à Delegacia de Atendimento à Mulher e se explicar sobre os fatos denunciados. A delegada responsável pelas investigações tem até o dia 18 deste mês para concluir o caso.
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