Não se espante ao ver a pessoa em quem você votou sentado na mesa com alguém que outrora ele criticou. Não se espante em ver a pessoa em quem você votou posando para fotos, sorrindo, ao lado de um desafeto. Governar é a arte de negociar, como consta no título. E na hora de negociar, não importa em que lado está o outro. O importante é o seu lado, a quem você representa, a convicção em suas ideias e a permanência do foco em resultados. Dessa forma o governador Eduardo Riedel tem se portado no trato com os demais poderes e autoridades.
Atrair investimentos, em especial para o pequeno Mato Grosso do Sul, não é nada fácil. Mesmo que imerso em riqueza natural, social e cultural, o Estado esbarra em questões que só o diálogo com outros poderes pode resolver. Assim, é natural que governantes e legisladores em lados opostos sentem-se juntos para conversar. É pelo bem comum, em prol dos governados.
Quem assim não faz, infelizmente, comete um grande equívoco e demonstra despreparo para qualquer função política. Sem pensar, age a partir do rim. Sem pensar, age só para afagar o próprio ego, satisfazendo interesses próprios sem compromisso com a população.
O ente estadual tem que buscar o diálogo com o federal, sim. O municipal tem que ser recebido de portas abertas pelo estadual, sim. Não importa a cor de sua bandeira, o lado que esteja, não importa no que acredite. Desde que haja respeito e propensão a negociar e avançar, é urgente que todos se sentem, negociem como governantes e construam um futuro melhor.
Gestões públicas recentes, em todos as esferas, inclusive a municipal, já demonstraram que o isolamento, a teimosia por ideologia, são um erro. Já quem se dispõe a conversar e negociar, prospera, traz algo de bom à população e mostra que convicto mesmo de suas ideias é quem topa sentar com o oposto sem que se influencie e mude de lado.
Imagine só: você ter em mãos uma pedra preciosa, em estado bruto, mas deixar de lapidá-la e agregar valor ao objeto pois não gosta da cor do equipamento para tal serviço. Governar sem diálogo e capacidade de negociação, resumidamente, é exatamente isso.
O que nas urnas e debates populares pode até funcionar, falha quando o governante tem a caneta em mãos e pilhas de projetos em sua mesa para serem executados. Fora a necessidade de ignorar cores de bandeiras para que se consiga avançar como governante, é preciso um olhar estratégico da administração pública, focado em resultados que consolidem o progresso.
Podem vender o que for por aí, mas não há outra forma de governar, não há outra forma de avançar. Qualquer coisa além do sentar, conversar, negociar e chegar a um senso comum está fora de cogitação para uma cidade, estado ou país que quer crescer. E acho que esse é o caso de Mato Grosso do Sul, quiçá de todo o Brasil. Conciliemos, brasileiros.