Para que tenha um bom começo – o que sinalizará uma caminhada positiva – o próximo governo de Mato Grosso do Sul demonstra que tem um ponto de partida interessante e dos mais sugestivos: o exemplo do governo anterior. Quando assumiu em 2015, já no primeiro dia e num dos primeiros gestos de governo, Reinaldo Azambuja estabeleceu como prática de gestão a busca de permanente sintonia interinstitucional, ou seja, a relação harmoniosa e propositiva entre os poderes, sem desfiguração da autonomia e da liturgia de cada um.
Vieram as tempestades. Sobre um Estado que vivia mergulhado num poço de dívidas e incertezas dos mais profundos, desabaram dificuldades e carências, afetando o Brasil e o mundo inteiro com impactos devastadores, em sucessivas e intrincadas conjunturas recessivas. Eram crises sobre crises. A governabilidade se configurava como palavra mágica, utópica, distante.
Enquanto muitos imaginavam que só um milagre ou um golpe de sorte socorreria Mato Grosso do Sul, Azambuja escolheu o caminho mais simples, o caminho da responsabilidade. Este princípio guiou todas as suas decisões, sobretudo para dar os primeiros e estratégicos passos de gestão, nutrindo-a com um dos mais saudáveis alimentos republicanos: o compartilhamento de tarefas, mediante diretrizes bem-definidas, especialmente na aferição crítica das ações e dos resultados.
Com um governo responsável e que compartilha responsabilidades, o Estado não se deixou ir mais ao fundo daquele poço. Saiu dele caminhando, resistindo aos temporais e criando novas perspectivas. Era fórmula mágica? Não. Eram parcerias políticas e institucionais transparentes, resolutivas. E nelas um protagonismo fundamental coube aos deputados estaduais, sem exceção – os 24 delegados do povo na Assembleia Legislativa, cada qual no âmbito de suas condições ideológicas e partidárias, cumpriram à risca o papel de fazer da democracia representativa um esteio efetivo do interesse público na governabilidade.
A escassez de recursos, o emagrecimento drástico das receitas – com remédios amargos, muitas vezes ministrados por medidas impopulares -, a retração global de investimentos, o acúmulo de dívidas herdadas e depois os efeitos impiedosos de uma pandemia mundial se somaram como obstáculos aparentemente intransponíveis a Mato Grosso do Sul. Mas havia a fórmula da responsabilidade, com transparência e, obviamente, da competência e da ação articulada com as forças políticas e sociais, certamente o grande calço da governabilidade.
Riedel, portanto, nos dias que antecedem sua posse, demonstra estar bem escolado, não-somente pela formação acadêmica e pelas experiências gerenciais na iniciativa privada e no âmbito classista. Ao reiterar sua opção por uma equipe de qualidades técnicas e políticas, mas priorizando o fator institucional de relações e cooperação, confirma o aprendizado, com louvor, nas aulas de governabilidade em que ensinou e aprendeu como atender às expectativas da população governando para ela, para as pessoas, como fez Reinaldo Azambuja em oito anos.
Tenho dito!