As comunidades tradicionais da região, que dependem da pesca, veem os peixes diminuírem
O Pantanal pode enfrentar uma das piores secas dos últimos 60 anos. O nível do rio Paraguai, em Ladário, caminha em 2024 para atingir o pior nível histórico de seca já registrada em Mato Grosso do Sul. Nesta semana, a régua de Porto Esperança marca 7 centímetros, sendo que 35 cm já é considerado estiagem. A situação é crítica e pode estar relacionada com as mudanças climáticas e as consequências nas temperaturas e ciclo de chuvas.
O nível do rio Miranda, um dos principais do bioma, em Mato Grosso do Sul, preocupa ribeirinhos e especialistas. Navegar por ele, atualmente, é um desafio.
O pescador Bruno Rodrigues sabe bem dessa realidade. “Você tem que vir desviando dos lugares que estão mais secos e tentar passar ali mesmo, e se você não conseguir desviar, têm que descer do barco e puxar por causa do cascalho. Não é areia”, declara o rapaz.
As comunidades tradicionais da região, que dependem da pesca, veem os peixes diminuírem.
“Você pegava quantos dourados queria, quantos pacus queria, o que você quisesse pegar, pegava”, lamenta Geraldo Alves, outro pescador que vive no Pantanal sul-mato-grossense.
Ainda conforme os moradores, há cerca de 5 anos a água do rio Miranda passava do meio da pilastra. Atualmente, está para baixo pra base. Comparando o antes com o agora, o nível do rio caiu cerca de 6 metros.
No fundo, grandes ilhas, que eram barrancos, se transformaram em paredões. Essa situação do rio Miranda afeta todo o Pantanal. Lembrando que ele é afluente do rio Paraguai, o maior do bioma.
“Hoje ele está com em torno de um metro de vinte de altura quando deveria oito metros e sessenta de altura, e isso influencia diretamente no rio Paraguai, tanto é que a régua do rio Paraguai, hoje, está um metro abaixo de dois mil e vinte e um, que foi uma das maiores secas, assim como em sessenta e quatro. ou seja: em cento e vinte e quatro anos 124 anos de medição é o nível mais baixo! Isso influencia negativamente na questão econômica, porque vai afetar a pecuária de forma direta, né, com falta de água e o turismo local”, diz Felipe Dias, diretor técnico do SOS Pantanal
“O principal deles é a degradação do cerrado, no entorno do pantanal, muitas propriedades não fazem o manejo correto do solo, já desmataram muito além do que deveriam, não tem mata ciliar protegendo. isso além de diminuir a quantidade de água que desce pro pantanal também traz sedimentos assoreando o rio e trazendo contaminantes agroquímicos”. completa Gustavo Figueirôa, biólogo do do SOS Pantanal.