Nem veículos para socorro urgente, limpeza de lixo e serviços essenciais escapam do abandono
Em maio de 2018 o vereador William Maksoud foi procurado por moradores do Jardim Noroeste, relatando que o bairro, registrado pela Prefeitura de Campo Grande em 1963, estava sendo duramente castigada pelo abandono do poder publico. Na época, era um bairro com o maior número de crianças e adolescentes (32,7%) na Capital, segundo o IBGE, com graves problemas sociais agravados pela falta de direitos, entre os quais a pavimentação, drenagem, coleta de lixo e outros serviços básicos.
Maksoud enviou ao prefeito Marquinhos Trad (PSD) as reclamações e os pedidos dos moradores. Muito pouco se fez, muito pouco ou quase nada se faz, a ponto de provocar nas famílias da região a dolorosa certeza de que estão abandonadas. Em 2022, Marquinhos pôs a prefeitura nas mãos de sua aliada e vice-prefeita, Adriane Lopes (PP). E hoje, seis anos após o ignorado apelo transmitidos por Maksoud, o Jardim Noroeste continua sem ter motivo para comemorar seus 61 anos de existência.
CAOS E SOFRIMENTO
A situação dos núcleos habitacionais da periferia é das mais caóticas e até desesperadoras. Entre as tantas queixas de quem mora no Jardim Noroeste, o estado das vias publicas é absurdamente desastroso. Um dos retratos mais eloquentes é a cena constante de veículos que ficam atolados durante as chuvas ou se danificam até mesmo na seca, em buracos de várias proporções.
Lamaçal e poeira fazem uma combinação perversa no Jardim Noroeste, afetando a vida da população: danos materiais (nos veículos, sobretudo), desconforto e riscos à saúde, com a poeira invadindo as casas, escolas e locais de concentração. Crianças e idosos são sempre os mais atingidos. Os serviços básicos que dependem de mobilidade e transporte vêm acumulando prejuízos materiais, de saúde e até da vida humana.
Há poucas semanas, um morador da comunidade indígena da região passou mal e morreu antes de ser socorrido pelo Samu. A viatura do pronto atendimento ficou entalada num dos lamacentos buracos da rua, ficando sem tempo para prestar o atendimento necessário. Na esquina das ruas Jordão e Aerotônica, uma das mais críticas, um caminhão da coleta de lixo atolou. O outro caminhão, chamado para retirá-lo do local, também sofreu semelhante dificuldade. Na Rua Pinheiro Machado eventos desse tipo foram registrados pela população.
PROTESTOS
Nesta rua, a Jordão, não tem ônibus, caminhão ou coleta regular de lixo, nem casas populares, entre outros direitos essenciais. As manifestações reprovadoras da gestão Marquinhos-Adriane vêm crescendo, conforme as postagens de centenas de moradores nas redes sociais. Leonardo M. Jesus afirma: “Enquanto tivermos políticos que só se preocupam com os seus próprios interesses ou em se perpetuar no poder, esta será a realidade de nossa cidade. Precisamos de pessoas que valorizem o ser humano”.
I.P. trabalha para uma loja de produtos para pequenos animais. E revolta-se com a situação que prejudica o trabalho seu e de centenas de pessoas: “Faço entrega para um pet shopping e nesta região está tenso mesmo: carro atola, fura o pneu ou quebra. O Noroeste e muitos bairros estão sendo desprezados pela gestão atual. [É hora de] mudar isso em 2025, apoiando candidatos que realmente se importam com a população”.
Ewerton William Custódio Peres indigna-se: “Um absurdo. Total falta de gestão e extremo descaso com a população”. Alex Ramos diz: “Estamos esquecidos em Campo Grande”. Cle Martiliano emenda: “Vamos lembrar disso nas eleições” . Eder Evangelista ironiza: “Tolerância zero e a prefeita ainda vai ter coragem de se reeleger”
Para Cat Fotografia, a melhor resposta pode sair por meio das urnas: “Que a população aprenda a votar, que saiba quem é quem. Isto não é difícil em nossa cidade. Temos como avaliar. E se [alguém] oferecer dinheiro ou combustível, não vote nesse candidato, pois se faz isso para ter o voto, fará uma gestão insatisfatória. E o dinheiro usado para comprar o voto sairá do nosso bolso quando eleito”.
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