Cidade desgovernada: protestos do funcionalismo, inadimplência, serviços caóticos e um governo “de cupinchas”
A gestão de Adriane Lopes (PP) conseguiu uma façanha das mais surpreendentes: repetiu e piorou os desastres do antecessor, Marquinhos Trad (PSD), até unir contra si todas as categorias de servidores publicos municipais. Mobilizado pela desvalorização que sofrem, humilhados pelo investimento eleitoral da prefeita com altos salários a parceiros e aliados de sua campanha pela reeleição, os trabalhadores decidiram defender seus direitos nas ruas e com protestos até em frente à prefeitura.
Desde o último dia 08, servidores municipais começaram a manifestar sua insatisfação de várias formas. Nesta segunda-feira, 11, reuniram-se em frente à Prefeitura de Campo Grande para uma assembleia unificada, com o objetivo de encaminhar as principais reivindicações à prefeita. Iniciada por profissionais da saúde, a mobilização cresceu com a adesão de praticamente todas as demais categorias, presencial, pela imprensa ou redes sociais.
Ângelo Macedo: ” A prefeita quer justificar sua folha secreta, um gasto absurdo com contratados e comissionados, e diz não existir recurso para implementar a valorização e o direitos dos servidores de carreira”.
FOLHA SECRETA
Além da enfermagem, os guardas municipais, servidores da gestão estratégica organizacional, auditoria de controle interno e assistência social também reforçaram o movimento e endossaram uma carta reivindicatória endereçada a Adriane Lopes. Sem reajustes compatíveis com as perdas sofridas, os servidores cobram vários direitos sonegados pela prefeita. Até a folha secreta criada pela gestora para driblar a fiscalização é questionada.
Na saúde, com 1,5 efetivos, a prefeita não paga os 20% do adicional de insalubridade e nem fez a revisão do auxílio alimentação para R$ 850,00, direitos assegurados desde 2022, inclusive com ações judicializadas. “Cada profissional está perdendo cerca de R$ 15 mil”, contabiliza Ângelo Macedo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem (Sinte). “A prefeita, quer justificar sua folha secreta, um gasto absurdo com contratados e comissionados, e diz não existir recurso para implementar a valorização e os direitos dos servidores de carreira”, dispara.
Tal qual o pessoal da Saúde, a Guarda Civil Municipal também está sem reajuste salarial e ainda é boicotada por Adriane, que nem mesmo com uma ordem judicial se dignou a cumprir a lei e pagar a insalubridade e fazer a promoção pertinente ao quadro. “Para dar segurança, nós precisamos de segurança na profissão. Hoje, a soma desse direito não pago chega a 50% do salário base, um absurdo. Nossos direitos são cerceados a todo momento”, revolta-se o presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Campo Grande, Hudson Bonfim.
“Estamos há 12 anos com nossos direitos atrasados. É adicional de tempo de serviço, adicional de aperfeiçoamento profissional e o abono de permanência. Tudo isso está previsto em lei e a justificativa é que não tem dinheiro”, diz a presidente da Associação Municipal dos Servidores de Nível Superior, Paulina Ferreira. “Desde 2019 reivindicamos insalubridade e melhoria do salário. Estamos constantemente com a população fazendo o atendimento direto a pessoas com doenças infectocontagiosas e situações análogas”, descreve Mônica Ilis Silva Vargas, presidente do Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado de Mato Grosso do Sul (Sasems).
Hudson Bonfim: ” Estamos há 12 anos com nossos direitos atrasados. É adicional de tempo de serviço, adicional de aperfeiçoamento profissional e o abono de permanência. Tudo isso está dentro da lei”.
MÃES
Uma demonstração do grau de humilhação e desespero a que foram jogadas as diversas categorias, as mães dos servidores se reuniram em frente ao Ministério Público (MPE) para cobrar o cumprimento de liminares que atenderiam crianças com deficiência. Centenas de mães até conseguem na Justiça o suprimento das dietas, leites especiais, fraldas e medicações. No entanto, a prefeita não fornece.
No início deste mês movimento idêntica foi realizado pelas mães e a prefeita enviou representantes para controlar a situação, levando promessas de atendimento. Promessas vazias. Adriane Lopes não cumpriu a palavra dada a quem precisa, ao contrário do que faz em favor dos “apadrinhados” que saboreiam super salários pagos com dinheiro do contribuinte até em folha secreta.