Pais, mestres e vereadores estranham “bondade” da prefeita e lamentam caos na educação publica
Na última segunda-feira, 04, enquanto novos e angustiantes episódios ilustrativos do abandono da cidade eram mostrados pela imprensa e redes sociais, a prefeita Adriane Lopes (PP) fazia a festa com seus apoiadores para anunciar o Decreto 15.848, autorizando a realização de concurso público de provas para cargos efetivos e administrativos da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande (Semed). A previsão é preencher mais de 2 mil vagas com diversas funções.
O que não soou bem fora do ambiente de felicidade na prefeitura foi a repercussão negativa e desconfiada de pessoas que conhecem perfeitamente a manobra da prefeita: os próprios professores e administrativos da ativa, além dos que estão fora do serviço publico. Há anos a prefeitura não realiza concurso para preencher milhares de vagas e acabar com os “buracos” no quadro de pessoal, um dos fatores de deterioração do ensino publico local.
A greve das assistentes que trabalham nas Escolas Municipais de Educação Infantil, o atraso do ano letivo causado por obras inacabadas e a inversão de prioridades – como a criação de folha secreta para contemplar um grupo de “protegidos” em detrimento dos efetivos – já seriam motivos suficientes para demonstrar que a prefeita não sabe a que veio. É isto o que deduzem servidores do Magistério, da Saúde e da Guarda Municipal, entre outros, diante da vergonhosa disparidade salarial.
EM ANO DE ELEIÇÃO
Obcecada pela reeleição, Adriane Lopes seguiu o exemplo de seu parceiro de chapa, o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD), que quando esteve no poder agiu de maneira semelhante: fora dos anos de eleição se esquecia de cumprir as promessas feitas quando estava em busca de votos. Agora, a sete meses do pleito, a prefeita começou a sua onda de “bondades”, sequer importando-se com as restrições financeiras em que jogou seu governo.
Na Câmara Municipal, os aliados de Adriane estão preocupados com as cobranças de vereadores que querem explicações detalhadas sobre as tais “bondades”. O vereador Professor Juari (PSDB) diz: “As assistentes das Emeis estão revoltadas porque mentiram e prometeram muito pra elas, desde a gestão anterior”. De acordo com Juari, só das promessas de Marquinhos os professores estariam hoje com R$ 8 mil de salário.
“Agora é mais um período eleitoral. E vêm as promessas, com e sem fundamento. Sou professor e consigo dar aula, desse que tenha a assistente comigo. Sem ela o professor não trabalha”, argumenta. “Na Comissão de Educação a gente vem discutindo há tempos o trabalho das assistentes de ensino infantil e agora ficamos preocupados. É ano eleitoral e a promessa pode não ser cumprida. E ninguém vive dignamente com R$ 1.900,00 por mês, não dá nem pra fazer as compras necessárias no mercado”.
IMPACTOS
Por sua vez, o tucano Claudinho Serra se diz apreensivo com os impactos na gestão. “Fala-se de outro processo seletivo. Concurso em véspera de eleição, sem estudo de impacto financeiro?”, indaga. “Vide o puxão de orelhas do Tribunal de Contas (TCE), propondo um termo de ajustamento de gestão. Vê-se que a capital já está muito acima do limite prudencial de gastos”, diz.
Serra acentua ainda que a população se assombra, perplexa com a intenção de Adriane de legalizar a chamada folha secreta. “Gostaria que a base da prefeita trouxesse estas respostas. Tenho certeza que neste caminho não se faz uma capital de oportunidades. Muito pelo contrário, é uma gestão sem resultados”.