Na região do Jardim Noroeste-Água Funda, atoleiro fez ambulância atrasar e homem que esperava socorro foi a óbito
No dia 27 do mês passado, um índio terena de 60 anos morreu depois de sentir-se mal e cair. O Samu foi acionado, porém o socorro não chegou a tempo. A ambulância foi prejudicada pelo lamaçal nas ruas de chão batido e isto atrasou o atendimento de emergência. A vítima morava na Comunidade Indígena Água Funda, na região do Jardim Noroeste.
Infelizmente, episódios dramáticos são comuns no cotidiano de quem mora em Campo Grande, principalmente na periferia, e ficam dependentes de soluções e serviços rápidos para suas necessidades, desde a assistência de uma ambulância a bens indispensáveis como o asfalto, habitação, transporte, serviços de saúde, educação, lazer e segurança.
Embora sejam novos núcleos de crescimento urbano e populacional, o Jardim Noroeste e bairros do entorno consituem exemplos incontestáveis do descaso da prefeitura com suas demandas essenciais. Indignados, no sábado passado dezenas de moradores da região foram às ruas reivindicar melhorias urgentes e protestar contra o abandono a que estão relegados. Bloquearam a entrada do bairro e, com cartazes, cobraram da prefeita Adriane Lopes (PP) as promessas de que iria resolver os problemas mais angustiantes.
“ESTAMOS ABANDONADOS”
Valmira Rigoti, 54, presidente da Associação de Moradores do Jardim Noroeste e Leon Denizar Conte, desabafa: “Estamos abandonados. Há tempos não somos ouvidos. Só promessas e promessas, estamos cansados”, enfatiza. “Queremos asfalto, drenagem, pois quando chove fica impossível o trânsito de pedestres e veículos”, relata. “E tem outras carências. É o caso das mães de crianças indígenas que estão há três anos tentando vagas em creche e ainda não conseguiram. São indígenas e merecem respeito”, afirma.
Mesmo sendo um núcleo populoso, o Noroeste só possui três ruas asfaltadas. “Na chuva, carro não anda. O senhor que morreu precisava de um socorro rápido, mas a ambulância ficou atolada”, comenta Valmira. Ela descreve vários itens numa lista de necessidades indispensáveis, que inclui estrutura de segurança no trânsito, com semáforos; aumento de vagas nas escolas municipais e construção de um colégio estadual em tempo integral.
Outras providências que a população cobra da prefeita Adriane Lopes são mais unidades pelos programas de habitação popular, a regularização fundiária dos terrenos destinados às famílias indígenas da Aldeia Água Funda, iluminação publica e a urbanização das áreas “esquecidas” do bairro. Segundo a líder comunitária, outra luta importante é pela instalação de um polo da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) no bairro.