No ano de 2023 a receita da Prefeitura de Campo Grande registrou um interessante crescimento, arrecadando R$ 5 bilhões. A informação, que é oficial, deveria ser comemorada efusivamente pelo povo campo-grandense. Ou não? Talvez só mesmo os áulicos da Corte festejariam uma arrecadação de R$ 5 bilhões contra pontuada por gastos de R$ 5,2 bilhões.
Ora, é uma operação simples de matemática e de competência. Se a receita foi R$ 5 bilhões, a prefeitura tinha obrigação de devolver estes R$ 5 bilhões em boas obras e bons serviços aos legítimos donos, os contribuintes que religiosamente pagam seus impostos e engordam o estômago insaciável dos cofres do Executivo.
Para azar ou desalento, além de não receber boas obras e sequer bons serviços, a população ainda ficou sabendo que sua prefeita torrou R$ 200 milhões acima do que podia. Em miúdos: a gastança fez no erário um rombo monstruoso, de R$ 200 milhões. Pior: a gorda fatia desse bolo foi devorada por assessores privilegiados com seus super salários, parte deles escondida na tal folha secreta.
Pior dos piores, se isto é possível: a prefeita, Adriana Lopes, primeira mulher eleita para governar a Capital, mesmo sabendo ser única responsável para resolver ou tentar resolver graves e urgentes problemas, como o caos do transporte coletivo e da saúde, deixou sua cidade de lado. Abalou-se toda sorridente, leve e solta, para deleitar-se na midiática manifestação golpista da Avenida Paulista.
Direito de escolher partido, ideologia, líderes e quetais a prefeita tem e é legítimo fazê-lo. Mas para exercê-lo com responsabilidade. Quando faz a troca do interesse publico maior, o interesse de todos, pelo interesse menor, que é o de uma parcela da sociedade, a prefeita diz a que veio. Mostra não ser capaz de governar o todo e avisa que sua grande prioridade é a parte.
Pois é. Respeite-se o direito sagrado da prefeita de viajar a São Paulo, aclamar Jair Bolsonaro, ler a Bíblia com Michelle Bolsonaro, desfraldar a bandeira de Israel. É direito incontestável. No caso do “ora, vivas” a Israel, com certeza ganhará reconhecimento israelense, não do povo de Israel, que quer a paz e a convivência, mas do governo de Israel, o mesmo que o mundo vê fazer com Gaza o que nenhum brasileiro quer que seja feito com o Brasil.
Direito respeitado, prefeita, direito fulanizado. A Avenida Paulista não é a Avenida dos Cafezais, construída e pega pelo governo do Estado porque a administração municipal estava em outro planeta.