Quando a sociedade se levanta contra a política ou contra a gestão é porque há maus políticos e maus gestores. E não há meio termo. Ou a mão que guia os passos nestes caminhos sabe para onde vai ou não sabe. Para certas responsabilidades, de tão elevadas, não há lugar nem possibilidade para fazer meras experiências.
Em Campo Grande, uma das cidades brasileiras com maior vocação de crescimento e modernidade, a gestão e o protagonismo de sua agente política e administrativa mais importante interromperam a marcha de avanço – ou sequer a iniciaram. O andar já não é mais em passos de tartaruga e passa a ser comparado aos do caranguejo, uma das raras espécies que andam para trás.
Isto é lastimável. Não agrada ao articulista e muito menos à sociedade fazer tais observações, expressando decepção, indignação e revolta com as barbaridades praticadas direta e indiretamente no âmbito do poder publico municipal. O empreguismo para abrigar apadrinhados políticos, a criação de mecanismos ardilosos que inflam o balão da sangria financeira – como a tal da folha secreta -, a desatenção com as áreas essenciais (até o início do ano letivo foi adiado) e o caos nos serviços de saúde e transporte coletivo já se tornaram – infelizmente – parte do cotidiano.
Se às vezes desgraça pouca não é bobagem, além da inépcia da gestão administrativa o cenário agora engloba também o desastre na gestão política. Independentemente das escolhas de cada um, não é nada bom para qualquer comunidade ter governantes politicamente isolados.
A prefeita do maior colégio eleitoral do Estado deveria, naturalmente, estar entre os principais centros das atenções e até das preferências para composições políticas e eleitorais. Mas não está. E o motivo não é apenas político. Aliás, está longe disso. É o preço da má gestão. É o preço da onda de insatisfação e de reclamações que a todo momento despencam na conta da prefeitura.
Cogitavam, a prefeita e seus aliados, que ela teria um gesto mínimo de aproximação de Jair Bolsonaro para seu palanque na disputa sucessória. O ex-presidente, sem mais, nem menos, jogou-a a escanteio. E ainda não se tem, até agora, um aceno vigoroso de forças importantes interessadas em apoiar sua pré-candidatura. Até na Câmara Municipal, vereadores da base já estão em revoada para outros ninhos.
Muito ruim para a cidade e para toda a população serem governados por uma governante que construiu seu próprio isolamento. Tomara que sua gestão ainda se salve e o interesse publico seja resgatado. Mas é preciso, para isso, a gestora entender que, por enquanto, está pavimentando a sua antecipada e prematura aposentadoria política.