Incompetência ou culpa do mordomo? Quem sabe, mas a pergunta é endereçada a quem questionar porque alguns governantes se especializaram em lançar e iniciar obras que não concluem.
Aos fatos: quando Reinaldo Azambuja assumiu o governo, em 2015, encontrou entre as heranças de oito anos do antecessor nada menos que 215 obras inacabadas. Isto mesmo: mais de duas centenas de alicerces, paredes, estacas ou até mesmo desenhos de projetos rabiscados no papel.
Aí está, à vista, o Aquário do Pantanal (hoje Bioparque), símbolo do que poderia ser mais um dos drenos por onde escoavam fortunas sacadas dos cofres públicos para pagar a vaidade do governante que se gaba até hoje de ser campeão de obras. Pois sim. Além das mais de duas centenas do que eram “elefantes brancos” antes de o Estado trocar de dirigente, aquelas obras eram também o pano de fundo de malabarismos na manipulação de verbas, de acordo com os órgãos de controle, fiscalização e julgamento.
Azambuja priorizou a conclusão dos investimentos iniciados porque a sua consciência determinou não permitir que fosse para o ralo tanto dinheiro arrancado da população por meio dos impostos. Mato Grosso do Sul estava conhecido no País como um “cemitério de obras inacabadas”. Nos oito anos seguintes a cena mudou, todas foram entregues à sociedade. Mas o “campeão” do trote gerencial não silenciou e continua até hoje garganteando suas tapeações.
Campo Grande foi contaminada pelo mesmo vírus – sabe-se lá se é da vaidade, da incompetência ou de interesses outros que não são aqueles do bem comum. Aliás, obra iniciada para não ser concluída deve ser apenas do interesse de bens comuns entre poucos, caso contrário não renderiam o que a imprensa noticiou esta semana: a cidade tem mais de 40 obras inconclusas e é a vice-campeã das capitais cujas prefeituras mais gastam com a folha de servidores públicos.
Não bastassem o sistema de transporte que é um dos piores do País, os fundos e intermináveis buracos nas vias urbanas e nos cofres públicos, o empreguismo campeando solto e fazendo a insaciável ordenha nas tetas da municipalidade, o salário defasado dos servidores que de fato e de direito servem à sociedade, a cidade ainda é um “cemitério” de obras inacabadas.
É muito, mas muito dinheiro até aqui jogado fora. Infelizmente, não é todo dia que o Estado tem a condição de socorrer o Município. É mais do que imperativo ao gestor ou gestora da cidade encontrar a própria solução para os problemas sob sua responsabilidade.
O pior é a falta de garantia ou de perspectiva para cidadãos e cidadãs que pagam seus impostos e ficam a ver navios. Por sinal, com tanto buraco profundo nas ruas e nas contas da prefeitura, o que não deve faltar é navio para assegurar o ir e vir da população, até porque o sistema de transporte também está com os cascos furados.
Durma-se com um barulho desses!