No modesto 15º lugar entre as capitais em número de habitantes, cidade tem prefeitura vice-campeã em gastança
Entre 27 capitais brasileiras, no ranking por número de habitantes Campo Grande ocupa um modesto 15º lugar, o que não garantiu à cidade livrar-se de uma incômoda e reveladora marca: a sua prefeitura é a vice-campeã em gastos com pessoal. Só perde para Vitória (ES), de acordo com um estudo feito pela Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), publicado na semana passada.
Na comparação, a prefeitura da capital sul-mato-grossense esbanja competência para rifar o dinheiro do contribuinte que cai em seus cofres dia após dia. Enquanto em Vitória, que tem 322,8 mil habitantes, o poder publico municipal consome R$ 3.258,70 de cada morador, a prefeitura da Cidade Morena gasta de cada contribuinte, em média, R$ 2.965,54. Este levantamento engloba os 5.568 municípios do País.
O ROMBO
E o mais revoltante é que a disparidade salarial do funcionalismo parece estar longe de acabar. A maior parte dos servidores amarga grandes defasagens na remuneração, ao contrário de meia dúzia de felizes apadrinhados que vêm engordando suas bolsas e bolsos a cada abastecimento mensal dos generosos holerites.
As denúncias apontando os estragos causados pela gastança com excesso de contratações e favorecimento às custas do cofre publico são antigas e ainda esperam uma resposta efetiva dos órgãos de fiscalização, controle e repressão. Um dos casos mais escabrosos foi o “Escândalo do Proinc”, na gestão de Marquinhos Trad, do PSD (202017-2022).
Meses antes de renunciar ao cargo para ser candidato ao governo, Marquinhos utilizou o Proinc (Programa de Inclusão Profissional) para nomear e pagar salários a pessoas comprovadamente necessitadas e que precisavam de suporte para o primeiro emprego. Bancado pelos cofres da prefeitura, o programa foi utilizado para empregar gente sem esse perfil e atender às expectativas eleitorais do prefeito.
NADA MUDOU
Com a renúncia de Marquinhos, em abril de 2022, o cargo passou a ser exercido de forma definitiva pela vice-prefeita Adriane Lopes (ex-Patriota, hoje PP). Esperava-se que a farra fosse riscada do mapa e a administração publica ganhasse um fôlego, até porque suas contas foram deixadas em situação caótica. Nada mudou.]
Entre 2022 e 2023 a imprensa – como o jornal “Correio do Estado” – denunciou que servidores do primeiro escalão recebiam centenas de milhares de reais por mês em contracheques secretos que não chegavam ao Portal da Transparência. Mais um escândalo, o da “folha secreta”, fez com que a prefeitura campo-grandense continuasse mergulhada no lodo de gestões perdulárias. Consta que nesse rico lamaçal uma das secretárias, membro de primeiro escalão, faturou um salário mensal de R$ 51,7 mil.
Mais drenos foram sendo levantados. Outra servidora importante e próxima da gestora abocanhou uma remuneração mensal de R$ 88,3 mil. E nem mesmo a intervenção do Tribunal de Contas (TCE-MS) respondeu à expectativa da população, que cobra explicações sobre o excesso de gastos e as suspeitas que tais fatos instalam, até porque a prefeita deve ser candidata à reeleição.