Eterno presidente, Cezário ainda tem coragem de comemorar o triste aniversário da FFMS
Qualquer pessoa que quiser saber quais as razões da decadência do futebol profissional em Mato Grosso do Sul, não terá dificuldades para apontar um dos fatores determinantes nesta história de passado glorioso e um presente vergonhoso, sem boa perspectiva de futuro. No poder desde 1987 – incluídos os quatro anos em que se afastou para ser prefeito de Rio Negro -, Francisco Cezário de Oliveira está em seu oitavo mandato à frente da Federação de Futebol Sul-Mato-Grossense (FFMS).
Na gestão de um poder construído hábil e ardilosamente no curso de incontrolável ambição política, e beneficiado por arranjos estatutários e outras manobras casuístas avalizadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Cezário age como se sua administração e a entidade que dirige estivessem no melhor dos mundos – tanto que fez ôba-ôba na mídia para comemorar no domingo, 3, o 45º aniversário da Federação.
Para garantir o atual reinado, Cezário, de 77 anos, ajustou a sua reeleição em junho de 2022, quando arrumou as coisas para ser eleito por antecipação, neutralizando as possíveis concorrências e fazendo valer o absoluto controle que detém sobre as regras do jogo – do seu jogo. E isto se repetiu nestes 36 anos de mando, inclusive no quadriênio 2001-04 em que foi prefeito de Rio Negro. Mesmo no cargo, continuava conduzindo paralelamente a FFMS, e talvez por isto não tenha alcançado sucesso na tentativa de ficar mais quatro anos na prefeitura.
FRACASSOS
Enquanto Cezário capricha na maquiagem querendo esconder sob ela seu fracasso, os números e os fatos demonstram que com ele o futebol de Mato Grosso do Sul também fracassou. Está muito distante daqueles honrosos dias em que, com outros dirigentes, o Estado acumulava feitos dentro e fora de campo – como o 3º lugar do Operário no Brasileirão de 1977, o Estádio Morenão cheio, os torcedores estimulados e os clubes povoados de craques locais e nacionais.
Atualmente, o futebol de Mato Grosso do Sul é o antepenúltimo (25º) na pontuação dos estados pelo ranking da CBF. Só está à frente de Rondônia e Amapá. Esta classificação considera o desempenho dos times em competições profissionais. Depois dos anos dourados, hoje os campeonatos se arrastam graças à teimosia e à paixão de dirigentes e de torcedores, contudo sem o mesmo entusiasmo de antes. Enquanto isto, a CBF – hoje presidida por Edinaldo Rodrigues – segue complacente com as mazelas de Cezário e das suas glorias pessoais de poder, enquanto os clubes do Estado não conseguem sequer avançar nem mesmo na Série D, a mais baixa das divisões nacionais.