No próximo ano o Rádio Clube de Campo Grande vai completar o seu primeiro centenário. É uma data a ser comemorada, e por dois imperiosos motivos: a longevidade, um item afirmativo, e a retomada gradual de sua grandeza institucional e afetiva no cenário das melhores identidades locais.
O Rádio Clube, ao respirar novo fôlego, provoca a gostosa sensação que todo campo-grandense experimenta quando encontra e abraça situações, peças e pessoas que ficaram cravadas na memória, evocando aqueles anos dourados. Reuniões sociais, glamour, moda, beleza, concursos, diversão, artes, espetáculos e tudo que um espaço de celebração da convivência pode oferecer.
Ao admirar-se diante de um redivivo RC, a sociedade se descobre num panorama dicotômico; alegra-se de um lado ao ver que ainda existem, disponíveis, outros similares, como o União dos Sargentos, o Círculo Militar e o Estoril; e de outro lado se aborrece, sabendo que já não tem mais alguns dos símbolos de resistência social e cultural que marcaram épocas, entre os quais o Surian, o Libanês e o Cruzeiro.
No caso do RC, é louvável a prática do verbo acreditar, conjugado por todas as suas diretorias nestes 100 anos, com gestões memoráveis. Na atual, após duas décadas de turbulências, a diretoria em poucos meses já festeja saldo superavitário no retorno e na adesão de associados e também nas finanças.
Bons e ótimos sinais, que seguramente se repetem nos clubes que continuam a servir de alternativa para a recreação festiva, esportiva, social e cultural. E, infelizmente, servindo de contraponto na lembrança nostálgica de gerações que atravessaram anos dourados sem imaginar que um dia só os teriam nas recordações.
Contudo, no pesar da balança, aí estão o RC, o União, o Estoril e o Círculo, entre outros, para seguir inventando novos e compensadores anos dourados aos que fazem do bom passado um bom presente para o futuro.